domingo, 11 de dezembro de 2016

Delação cita R$ 88 milhões em repasses a 48 políticos

O partido que mais dinheiro  recebeu para atender os interesses da empreiteira foi o PMDB, partido do presidente Michel Temer.



A Odebrecht gastou pelo menos R$ 88 milhões em propina, caixa dois e doações legais para campanhas de 48 políticos entre 2006 e 2014.
É o que mostra um levantamento feito pela Folha, com base na delação premiada não homologada do ex-executivo da construtora Cláudio Melo Filho.
De acordo com relato do ex-executivo, que era um dos principais lobistas da Odebrecht em Brasília, a empreiteira pagou R$ 28,5 milhões em propina em troca de emendas favoráveis aos negócios em medidas provisórias, liberação de recursos por parte do governo e outras ajudas no Congresso.
A maior parte desse dinheiro, R$ 27,3 milhões, saiu do caixa dois da empresa.
Somente R$ 9,7 milhões do total foram, segundo o que é possível concluir da delação de Melo Filho, doados oficialmente para campanhas, com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O partido que mais dinheiro recebeu para atender os interesses da empreiteira foi o PMDB, partido do presidente Michel Temer.
No total, entre propina e contribuições eleitorais, deputados e senadores da legenda receberam cerca de R$ 51 milhões da Odebrecht.
O segundo mais agraciado, segundo levantamento da Folha, foi o PT, partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Roousseff, com aproximadamente R$ 22 milhões.
Romero Jucá (PMDB-RR) e Jaques Wagner (PT-BA) foram os responsáveis por pedidos e recebimentos mais vultosos. A Odebrecht atendeu o peemedebista e o petista com mais cerca de R$ 20 milhões cada um.
Os valores, conforme a delação diz, eram muitas vezes divididos com outros parlamentares. Os dois políticos cumpriram papel de funcionários da empresa, trabalhando dedicadamente aos assuntos que a interessavam.
Entre os serviços prestados estavam pendências resolvidas por Wagner na Bahia e emendas de vários tipos no Senado. Jucá fazia a relação com outros políticos do PMDB, dando orientações sobre o que deveriam fazer.
O DEM, partido do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também recebeu dinheiro da Odebrecht, assim como o PSDB, do chanceler José Serra.
Cada uma das legendas recebeu cerca de R$ 2,8 milhões, de acordo com os dados organizados pela reportagem.
Melo Filho delatou ainda que a construtora deu um relógio luxuoso de presente para Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e dois para Jaques Wagner. A soma dos agrados ao ex-ministro é de US$ 49 mil, cerca de R$ 165 mil.

Não é possível identificar quais foram os destinos de todas os gastos citados na delação, nem ter certeza de todas as contrapartidas.
O documento de Melo Filho é uma primeira promessa do ex-executivo. A PGR deve aprofundar os detalhes da delação no depoimento.
Folha já revelou outras declarações que estão nos acordos de delações por outros executivos da empresa, como um valor de R$ 23 milhões recebidos por José Serra em conta no exterior e R$ 2 milhões pra Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, em espécie para campanhas de 2010 e 2014.

POLÍTICOS NA MIRA DA ODEBRECHT
Alguns dos citados em delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da empreiteira


Citado
Posição atual
Apelido
Quanto a Odebrecht diz que pagou (R$)
Michel Temer (PMDB-SP)
Presidente da República
não tem
10.000.000
Eliseu Padilha (PMDB-RS)
Ministro da Casa Civil
Primo
4.000.000
José Yunes (PMDB-SP)
Assessor especial da Presidência da República e amigo de Michel Temer
não tem
Valor não determinado
Moreira Franco (PMDB-RJ)
Secretário do Programa de Parcerias em Investimentos do governo de Michel Temer
Angorá
Valor não determinado
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)
Ex-ministro dos governos Temer e Lula
Babel
5.880.000
Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Ex-deputado federal
Caranguejo
11.500.000
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Presidente do Senado
Justiça
6.020.000
Romero Jucá (PMDB-RR)
Senador
Caju
19.150.000
Eunicio Oliveira (PMDB-CE)
Senador
Índio
2.100.000
Jaques Wagner (PT-BA)
Ex-ministro do governo Dilma e ex-governador da Bahia
Polo
20.500.000
-

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