Editorial JP, 14 de dezembro
Toda a classe política do Maranhão, ou
seus representantes, todos os seus amigos e parentes e grande parte de seus
amores eleitorais, compareceram ao velório do deputado federal João Castelo
para prestar a esse político as últimas homenagens. Ele, que faleceu no
Hospital Sírio Libanês, no último domingo, construiu uma trajetória política
que, nas últimas 5 décadas se confunde com a própria história do Maranhão.
Em 5 décadas, João Castelo foi
governador do Estado, senador, prefeito e cinco vezes deputado federal. Sua
surpreendente administração na condição de governador indicado e não eleito,
permitiu a constância de votos cristalizados, ou seja, que em quaisquer
circunstâncias eleitorais lhes seriam conferidos. Castelo ousou à época, sob a
ótica de críticas as mais azedas, construír um dos grandes estádios de esportes
do país, o Castelão, que mudaria por completo a concepção esportista tupiniquim
que vigorava no Estado.
Foi, também, responsável pela construção
de conjuntos habitacionais em São Luís, como Cidade Operária e Maiobão que, à
época, representaram as principais peças de enfrentamento ao superlativo
déficit habitacional do Maranhão.
Sendo, embora, um governante não eleito,
João Castelo chegou ao coração do povo através de milhares de obras, (2.000,
segundo calculam seus amigos e assessores mais próximos), que se espalharam
pelo estado inteiro.
Quando, quase que instintivamente,
planejou a transposição das águas do rio Itapecuru para São Luís foi acusado de
megalomania, o que não o impediu de dar curso ao projeto Italuís que, 30 anos
depois, ainda seria a salvaguarda do saneamento e do abastecimento d’água em
São Luís.
A partir de um rompimento com Sarney,
que se iniciou praticamente com sua chegada, por via indireta, ao governo do
Estado, Castelo viveria o resto de sua carreira política em oposição ao
sarneisismo, o modelo político que dominou o estado por quase 50 anos.
Para muitos, Castelo, historicamente,
ainda pode ser considerado o melhor governador do Maranhão até hoje. Nomeado
pela general Ernesto Geisel nos tristes idos da ditadura militar, João Castelo
realizou aqui uma obra que o consagraria ao voto popular até os últimos dias de
sua vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário