A edição desta semana da revista
'Elle' francesa traz uma entrevista de uma página com a ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo a publicação, o encontro do
jornalista Pierre Morel com Dilma se deu no Rio de Janeiro, onde ela tem passado temporadas
hospedada no apartamento de sua mãe.
Dilma diz que o fato de ser mulher
pesou "enormemente" em seu impeachment. "Os homens da direita
conservadora, que não conseguiram conquistar o poder pelas urnas, tentaram
sujar minha imagem durante os oito meses desse processo de destituição",
afirma ela. "Todos os estereótipos utilizados contra as mulheres foram
usados contra mim. Um dia, eu era dura e insensível; no dia seguinte, histérica
e frágil".
A ex-presidente declarou que a
democracia no Brasil foi afetada desde sua saída. "O país retrocedeu
muitos anos. O novo governo, composto por homens ricos e brancos, não é
representativo da nossa nação. O Brasil é composto de 51% de mulheres e uma
importante comunidade negra. Mas a mentalidade da escravidão e a ideologia dos
privilégios são ainda muito fortes".
A revista pediu ainda que Dilma
detalhasse as torturas que sofreu em sua prisão durante a ditadura militar.
"Ser torturada significa uma violência desmedida. Eles utilizavam o que
chamamos de pau de arara, um instrumento que permite pendurar as pessoas em qualquer
lugar pelos braços e pelas mãos". Ela finaliza a entrevista avisando que
vai continuar a lutar. "Vou continuar a me expressar, a falar. Aprendi
durante a ditadura que a palavra é uma arma extremamente potente".
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