Dono de pousada que ajudou na tentativa de resgate é
o primeiro a depor sobre o caso; ‘não estou mais aguentando’, gritava jovem que
resistiu à queda
Veja.com
A Polícia Civil começou a ouvir as primeiras
testemunhas da queda do avião que
matou o ministro Teori Zavascki,
relator da Operação Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), e outras quatro pessoas. O primeiro a prestar
depoimento foi Elias Ramos Lima, dono da pousada Ilha Rasa, que fica a menos de
200 metros do local. Ele participou das primeiras tentativas de resgate dos
tripulantes e relatou momentos dramáticos vividos dentro da água.
Elias disse que estava na sua agência de turismo
quando foi avisado por uma prima, às 14h19, do acidente. Imediatamente, ele e
um funcionário pegaram uma lancha e entraram no mar para tentar ajudar. O
empresário viveu, então, momentos de angústia. A jovem Maíra Panas, de 23 anos,
uma das passageiras, estava viva. E gritava por ajuda. Dois bombeiros tentavam
uma maneira de furar a fuselagem do avião para entregar ao menos um cilindro de
oxigênio. “Só dava para ver a mão dela batendo no vidro. Mas a gente
conversava. Ela gritava por socorro. Me ajuda, pelo amor de Deus. Não estou
mais aguentando”, lembra.
Os bombeiros e os próprios voluntários que entraram
no mar para ajudar tentaram, primeiro, quebrar o vidro. Depois, tentaram abrir
a porta, mas, como praticamente toda a aeronave estava submersa, não
conseguiram: “Usamos pé de cabra, faca, machado, tudo, mas não conseguimos
quebrar a fuselagem. Teve uma hora que o bombeiro cravou a faca e ela segurou,
no desespero. Isso ficou uns 40 minutos. Quando conseguimos tentar passar o
oxigênio, ela já não respondia mais. Por um ou dois minutos não conseguimos
salvá-la”, diz Elias, se ficou com algumas partes do corpo queimadas em virtude
do querosene dentro d’água.
O inquérito foi instaurado pela 167ª Delegacia de
Polícia (Paraty): “Vamos ouvir as testemunhas nessa fase inicial e aguardar
maiores detalhes dos relatórios da perícia e do próprio Cenipa (órgão da
Aeronáutica que investiga acidentes)”, explicou o delegado Uriel Alcântara.
Além de Elias e dos bombeiros que participaram do
resgate, a Polícia Civil pretende ouvir testemunhas que viram o momento exato
da queda para esclarecer que tipo de fumaça também havia ao redor da aeronave
nos segundos que precederam a queda na água. Paralelamente, a Polícia Federal
também instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da queda do avião. Uma
equipe enviada pelo Ministério da Justiça também acompanha a perícia.
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