Hérica, mãe de Sophia, e Felipe mostram álbum de
fotos de Sofia recém-nascida Foto: Marcelo Theobald/EXTRA |
Os pais da menina Sofia Lara, de 2 anos, estão na
Delegacia de Repressão a Crimes de Informáticas (DRCI) para buscarem
orientações de como podem denunciar a professora Denise Oliveira, que
classificou a morte da criança como "justiça divina". Ela ainda
acusou o o policial militar do 16º BPM (Olaria) Felipe Fernandes, de 34 anos,
de ter participado das mortes de cinco jovens em Costa Barros, na Zona Norte do
Rio. O crime foi registrado como calúnia.
- Perdi minha filha e ainda tenho que passar por
isso, ler essas coisas. Porque assim, eu vou ser muito sincera com você: não
estou com tanto ódio do bandido (que disparou a bala perdida que atingiu
Sofia). Ele não pensou: "vou matar uma criança". Mas essa mulher riu
de uma criança morta. É inaceitável. Em momento algum minha filha vai pagar por
morte de ninguém. Ela é um anjinho. Essa mulher nos agrediu física e moralmente
- disse Hérica Fernandes, de 33 anos.
Segundo ela, Denise enviou uma mensagem, pelo
Facebook, pedindo desculpas:
- Ela falou que não é mãe e tal, não tem noção da
dor de uma mãe. Mas não é questão de perdoar ou não. Quero que ela pague na
Justiça pelo que fez.
Já Felipe se queixou ainda do fato de Denise tê-lo
citado como responsável por mortes:
- Ela estava denegrindo, de certa forma, a imagem da
instituição Polícia Militar. Não pode generalizar o erro, ou não, de colegas.
Minha esposa se sentiu muito ofendida - disse.
Sobre o comentário contra a filha, o pai falou que
não tem ódio pela professora, mas afirmou que ela tem que ser punida:
- Minha filha não poderia ser culpada de um crime
dos colegas (os PMs acusados da morte em Costa Barros). Ela não tem nada com
isso. Não tenho raiva, não tenho ódio (de Denise Oliveira). A minha filha me
ensinou muito amor. Mas ela foi muito infeliz no comentário e tem que ser
punida, sim, pelo erro.
Entenda o caso
A professora de História da rede estadual de ensino
do Rio Denise Oliveira viralizou após escrever em seu perfil no Facebook que a
morte de Sofia foi uma "justiça divina". No texto, ela ainda acusou o
pai da criança de ser do 41º BPM, de onde eram os policiais que participaram da
morte de cinco jovens em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, em novembro de
2015. Ela diz que "ontem a dor de uma família, hoje a dor é na sua
família".
O pai da menina não faz parte do batalhão citado por
Denise e nem é acusado do crime que ela cita. Os
PMs que respondem pelas mortes em Costa Barros são: o soldado Antônio
Carlos Gonçalves Filho, o cabo Fábio Pizza de Oliveira da Silva, o soldado
Thiago Resende Viana Barbosa e o sargento Márcio Darcy Alves dos Santos. Os
quatro estão presos.
- Meu marido sequer era daquele batalhão. É um
policial militar exemplar - disse Hérica.
A postagem de Denise recebeu uma enxurrada de
críticas. A uma delas, Denise respondeu: "Ah, esqueci de dizer, podem
xingar à vontade, Deus já fez a parte dele. A você só resta xingar mesmo.
Kkkkkk". O perfil da professora foi retirado do ar, mas o post viralizou e
é compartilhado em muitos grupos e perfis de policiais militares. Um deles
escreveu:
"Se alguém conhece o pai da criança que morreu
baleada dentro do Habib's, mostre a ele pois essa "senhora" tem que
ser processada. Meus sentimentos ao Policial".
Outras pessoas também reagiram:
"Que absurdo meu DEUS, não dá nem para
acreditar nisso!!!".
"Ele já está sofrendo demais. Acho que não
merece ver esse lixo de postagem".
"Não sei nem o que falar, porque se eu começar
a expressar tudo o que estou pensando vou parar só amanhã".
"Essa senhora deveria procurar fazer alguma
coisa boa pelo próximo e para de falar uma m* dessa!".
"Vamos sim denunciar para Secretaria de
Educação".
"Credooo... lamentável"
Professora é alvo de sindicância
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação que
informou que abrirá uma sindicância para apurar a conduta da professora. Além
disso, a profissional não poderá poderá voltar ao trabalho enquanto a
sindicância não terminar:
"A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) ao
tomar conhecimento imediatamente instaurou comissão de sindicância para apurar
o ocorrido. A Seeduc informa, ainda, que as escolas de sua rede estão em
período de férias e tanto o diretor da unidade de ensino em que a docente
trabalha quanto a direção regional foram orientados a não alocarem a professora
até o fim da sindicância".
Denise também foi procurada e, por e-mail, informou
que não teve intenção de de ofender ninguém e que fez apenas "uma analogia
entre as família destruídas pela violência":
"Eu gostaria de esclarecer que em nenhum
momento faltei com o respeito a menina Sofia (sic), a qual chamo de anjo. O que
eu fiz foi uma analogia entre as família (sic) destruídas pela violência. Não
sei pq as pessoas deram esse vulto todo a um post, que não tinha a menor
intenção de ofender ninguém. Eu exclui meu face, e não pretendo voltar a ativa
lo (sic). As pessoas não conseguem fazer uma simples interpretação de texto.
Estou assustada com tudo isso".
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