Flávio Dino (PC do B) disse que já pediu ao
Ministério da Justiça a atuação da Polícia Federal, uma vez que se trata de
disputa de terras que podem precisar de demarcação
O Estado de S.Paulo
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B),
disse que pediu ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal também atue na
investigação do ataque a indígenas em conflito de terras, que deixou 13
feridos, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). "Uma vez que
se trata de disputa derivada de terras que seriam indígenas, que precisam
de demarcação ou não, como é uma competência federal, a Polícia Federal também
deve atuar", disse o governador nesta terça-feira, 2, em entrevista à
rádio Eldorado. "Esperamos que a ação conjunta resulte numa solução".
O crime aconteceu no último domingo, na cidade de
Viana, a 214 quilômetros de São Luís. O Cimi disse, em nota, que dezenas
de índios da etnia gamela deixavam uma área reivindicada no povoado de Bahias,
interior de Viana, quando foram surpreendidos por homens armados. O grupo de
pistoleiros seria ligado a fazendeiros.
O secretário de segurança, o comandante da polícia e
o delegado geral estão a caminho de Viana para acompanhar os primeiros depoimentos,
informou o governador. "O que nos cabe é fazer inquérito policial,
entregar ao Ministério Público e todas as pessoas que praticaram violência
serão identificadas", disse Dino.
A princípio, o governo disse que seriam apenas 7
vítimas, diferente do que informou a Cimi. Segundo o governador, esse é o
número de feridos que deram entrada no hospital.
"Foram hospitalizadas 7 pessoas. Claro que o
conjunto de situações ainda vai ser esclarecido no inquérito", disse Dino.
Ainda de acordo com o governador, 4 vítimas já tiveram alta e 3 permanecem
internadas. Duas das vítimas passaram por cirurgia nesta segunda-feira.
Líderes indígenas cobram do governo do Estado e da
Fundação Nacional do Índio (Funai) proteção para as famílias gamelas. Durante a
entrevista, Dino disse ainda que o conflito já dura pouco mais de um ano e que,
em agosto de 2016, o governo do estado pediu que a Funai fizesse o estudo da
área para saber da necessidade de demarcação do território. "Infelizmente,
em outubro de 2016, a Funai nos informou que não poderia fazer o estudo porque
não havia verbas no governo federal para essa finalidade", disse Dino.
"Infelizmente, houve inclusive a presença de políticos na região que
insuflaram atos de violência e resultou nessa tragédia."
O governador disse que, diante da falta de verba, o
governo estadual se dispõe a pagar pelo estudo. "Se a Funai disser que não
tem mesmo dinheiro, nem o governo federal, eu em disponho até a pagar",
afirmou Dino, que disse ser "uma situação difícil", que "envolve
uma centena de pessoas, pequenos proprietários, posseiros,
indígenas". "Se for esse o problema, nós queremos é que
esclareça. Não pode o governo do estado ficar administrando uma situação que
envolve uam competencia que não é nossa", disse.
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