JM Cunha Santos
Ele sonhou que na bandeira do Brasil
haveria vagas para todos os brasileiros
Sonhou que filhos de operários cursariam
universidades sem donos
Sonhou com um país de mãos dadas dia e
noite se reinventando como país
Sonhou o que sabia sonhar
porque alguém precisava sonhar muito
Brasil
Ele sonhou que toda a terra pertenceria
a quem nela nascesse
Sonhou com uma Justiça que não
escolhesse por vingança cultural seus condenados
Sonhou com pratos cheios, todas as
crianças nas escolas, todos os jovens se encontrando no futuro
Sonhou porque queria sonhar
que todos tinham o direito de sonhar com
mais Brasil
Ele sonhou com alianças políticas que
não se tornassem torniquetes
Sonhou com terras sob todos os pés e
tetos sobre todas as cabeças
Sonhou com salários em todas as bolsas,
sapatos em todos os pés e direitos adquiridos em todas as mãos
Sonhou, porque sabia sonhar, que todos
os sonhos estavam permitidos
Ele sonhou com um mundo sem escravos,
sem gentios escorraçados, sem jagunços transformados em dragões
Sonhou com um mundo em que o homem não
interrogaria politicamente o outro homem
Sonhou com distâncias diminuídas, com
arrozais em flor, com uma terra sem almas em permanente êxodo rural
Sonhou porque queria que todos sonhassem
da mesma forma que ele estava a sonhar
Ele sonhou com um país sem gritos de
fome, sem polícias políticas, sem partidos criados nos tribunais
Sonhou com uma terra sem meninos
delinquentes, sem mulheres humilhadas, sem um povo caminhando para trás
Ele sonhou muito; só não sonhou que um
dia no Brasil seria crime sonhar
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