domingo, 27 de maio de 2018

A imprensa maranhense não pode se render a déspotas e tiranos

JM Cunha Santos


Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada. (…) *
Nada pode haver de mais sublime que o direito à liberdade de expressão, à livre manifestação do pensamento, mas está no gene de todo ditador, todo déspota, todo tirano, calar o pensamento humano, impor ideias e ideais, matar no nascedouro o grito de liberdade de povos oprimidos pela tirania, como o foi, por tanto tempo, o povo do Maranhão.
Esta é a segunda vez que o Senhor deputado Eduardo Braide, sob orientação do tirano camuflado José Sarney, propõe à Justiça fechar emissoras de radiodifusão nesse Estado. A primeira vez foi em 2016, quando o excelso potentado propôs fechar todo o Sistema Difusora de Comunicação. Em seguida, saiu-se a processar jornalistas e ameaçar os críticos de sua não muito republicana atividade política com a cadeia.
O antocrata quer agora tirar do ar a Rádio Timbira do Maranhão, essa que no governo Roseana Sarney foi símbolo da censura, pois não permitida a participação dos ouvintes em sua programação. Era proibido telefonar para a Rádio Timbira!
Junto com os Sarney, Braide quer calar a imprensa, quer isolar-se como monumento ao autoritarismo e à perseguição e quer, principalmente, evitar que através das ondas do rádio, o povo diga quem ele é, quem é Sarney, quem é Roseana, quem é Lobão, quem é Fernando Sarney, todos eles enrolados em processos na Justiça.
Não podemos permitir. Essa intentona ditatorial deve ser denunciada à Associação Brasileira de Imprensa, à Associação Brasileira de Rádio e Televisão, aos organismos nacionais e internacionais que cuidam dos direitos humanos, pois nasce aqui, sacramentado e paramentado por José Sarney, um discípulo de Goebels, o chefe da propaganda nazista, um Gengis Khan em guerra contra o direito de pensar e de dizer.
Esse homem quer ser governador do Estado. E, se o for, é provável que sua primeira obra seja a construção de uma prisão de segurança máxima exclusiva para a imprensa e que sua mais visível ação social seja colocar torniquetes na língua do povo.
A população reagiu efusivamente nos microfones da Rádio Timbira contra a Representação do Senhor Eduardo Braide. Mas acho que ainda míngua a reação da imprensa. Esse homem tem que ser processado por atentado à livre manifestação do pensamento, por atentado à democracia e ao estado de Direito, até que a Justiça o escorrace do mapa político do Maranhão.
Como dito no poema de Eduardo Alves da Costa, “Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim”. Essa já é a segunda noite de Eduardo Braide e, se permitirmos que ele continue invadindo os jardins da liberdade, pode chegar o dia em que não vamos poder dizer mais nada no Maranhão.
*(Trecho do poema “No caminho com Mayakovski”, do brasileiro Eduardo Alves da Costa).

2 comentários:

  1. Caro poeta, escritor e jornalista Cunha Santos, o Sindicato dos Radialistas do Maranhão - SINRAD-MA soltou nota de repúdio à atitude do deputado Carlos Braide por intermédio do Partido da Mobilização Nacional - PMN em atentado ao direito de livre manifestação e expressão, ameaçando o exercício da profissão de radialistas da Rádio Timbira e defendendo a emissora pública que é um patrimônio cultural maranhense. Josemar Pinheiro - Delegado Representante (SINRAD/MA) e Diretor da FITERT

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    1. Foi a atitude acertada. Precisamos lutar contra todas as formas de censura com todas as nossas forças.

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