sábado, 12 de maio de 2018

Censura e intervenção militar: Que vergonha, Maranhão


Querem tanques e fuzis nas ruas da cidade, censura, tortura talvez, mortos, quem sabe, desde que lhes seja devolvido o poder da corrupção sem que ninguém possa sequer noticiar.

JM Cunha Santos


Houve, segundo a Polícia Federal, o saque de 2 milhões de reais em dinheiro vivo, feito por Fernando Sarney, no objetivo de “turbinar” a campanha da irmã, Roseana Sarney, no ano de 2006.
Houve. E Fernando Sarney foi acusado de formação de quadrilha, gestão irregular de instituição financeira, lavagem de dinheiro e crime de falsidade ideológica. Mais tarde, a sexta turma do STJ anularia as provas contra Fernando Sarney, com a desculpa de que teriam sido obtidas de forma ilegal.
Era a Operação Boi Barrica e o jornal “O Estado de São Paulo” acompanhava e investigava paralelamente o crime de Caixa 2 praticado pelo filho do ex-presidente José Sarney. Tratava-se de um escândalo tão extraordinário que, ao temor do indiciamento de seu cliente, os advogados de Fernando Sarney exigiram e conseguiram que o jornal não mais citasse seu nome em suas colunas.
Ressuscitava-se, assim, para nossa mais completa vergonha, a partir do Maranhão, a censura, nos moldes mais acabados da ditadura militar. Fernando Sarney passou a fazer parte de uma casta de intocáveis imunes aos rigores da lei e ao noticiário da imprensa.
Já lá se vão mais de 3 mil dias de censura e o ministro Levandovski, sob protestos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), decide revitalizar essa excrescência jurídica, mantendo o jornal O Estado de São Paulo sob censura e garantindo um peculiar gênero de imunidade ao senhor Fernando Sarney: ele não pode nem sequer ser noticiado, eleva-se a condição de semideus na história do combate à corrupção neste país.
Não satisfeitos, os Sarney propõem agora uma intervenção militar no Maranhão. Querem de volta o poder de reeditar a censura, o ferrolho na boca, limitar a liberdade de expressão; querem tanques e fuzis nas ruas da cidade, censura, tortura, talvez, mortos, quem sabe, desde que lhes seja devolvido o poder da corrupção sem que ninguém possa sequer noticiar.
Que vergonha, Maranhão!

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