sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Paira sobre nós uma ameaça inconteste ao regime democrático


JM Cunha Santos


Se nada mudar, viveremos, no Brasil, tempos muito difíceis. É o que se pode depreender da licenciosidade dos discursos que sustentam as candidaturas de Jair Bolsonaro e do general Mourão. São discursos que exacerbam ideais democraticamente soterrados no país, como o racismo, a xenofobia e a misoginia. Ideais que renascem na esteira de uma pregação política que dá vazão à prática dos crimes de ódio e cegam o povo brasileiro, este mentalmente desalentado pelo nível de violência e corrupção que tomou conta do país.
Mas a violência que pode advir de um regime de força pode ser muito maior, como a de dar ao Estado poder de vida e morte sobre o cidadão, como empastelar as instituições democráticas, subjugar o Poder Judiciário, seccionar o Poder Legislativo e acobertar ações de grupos extremistas sustentados no ódio político, de raça e de gênero e incontestavelmente dispostos a limitar a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão.
Nenhum brasileiro cônscio de sua cidadania pode estar tranquilo neste momento. Paira sobre nós uma ameaça inconteste ao regime democrático, bem pior que aquela que vivemos com a Ditadura Militar de 1964, porque aqui há o referendo da maioria da população brasileira, um passo para o absolutismo e a autocracia, dois passos para a tirania que, historicamente, tem infelicitado nações inteiras em todo o mundo.
A história, mais uma vez, se repetirá como tragédia. Devemos nos preparar para o colapso dos “corações de estudantes”, para a perseguição ao ativismo político e social, para o seviciar das chamadas minorias, para ataques sistemáticos à diversidade da população brasileira, senão para o retrocesso dos atos institucionais.
Concluíram, na vigência cega do analfabetismo histórico e do analfabetismo político, que regimes de força podem ser a solução para crises morais, econômicas e políticas. Mas não são, nunca foram, a história mostra que não é assim, o mundo inteiro sabe que a violência institucional, nunca, jamais, resolveu nada em lugar nenhum.
É um desenho terrível: a direita governando grandes nações do mundo e a extrema direita governando o Brasil.
Que Deus nos ilumine e nos salve do que vem por aí.

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