quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O médium João de Deus não é Espírita; vincula-lo ao Espiritismo é cometer uma atrocidade contra a Doutrina Espírita


“O serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com as presenças do médium e da pessoa assistida”. (Federação Espírita Brasileira)

JM Cunha Santos


A celeuma criada em torno das acusações de abuso sexual contra o médium autointitulado ecumênico João de Deus, provocou esclarecimentos de Centros Espíritas e adeptos do Espiritismo de todo o Brasil, com relação às atividades “mediúnicas” do afamado curandeiro sediado na cidade de Abadiânia, em Goiás.
Registre-se, em primeiro lugar, que João de Deus a muitos anos se desvinculou do movimento espírita. Em entrevista à revista Veja, datada de abril de 2012, ele afirmou: “A Casa de Santo Inácio é ecumênica e não prega doutrinas. Frequento a Igreja Católica aos domingos e sou devoto de Nossa Senhora e de Santa Rita de Cássia. Tanto faz ser evangélico espírita, católico. Ao trabalhar para a cura espiritual, você está falando em nome de Deus”.
Um texto divulgado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, afirma que o comportamento do homem João de Deus deverá ser julgado pelas autoridades competentes e também pela Justiça Divina e que vinculá-lo ao Espiritismo é cometer uma atrocidade contra a Doutrina Espírita. Acrescenta, ainda, que a mediunidade não é e nunca será uma faculdade exclusiva dos Espíritas.
Outro esclarecimento lamenta muito tudo o que aconteceu em Abadiânia, lamenta principalmente pelas mulheres prejudicadas e acrescenta que “Isso conspira contra a qualidade sagrada da mediunidade. Porém, não confundamos a bênção sagrada da mediunidade conosco, os médiuns, que recebemos essa benção, acima de tudo, para nosso próprio crescimento espiritual.
Em nota de esclarecimento, um centro espírita ensina que “Os casos de grande impacto sempre têm uma função educadora que impulsiona o aprimoramento da coletividade como um todo, o que certamente não é diferente neste caso, pois a mensagem cristã nos fala que o escândalo é necessário, mas ai daquele que o comete”.
OS MÉDIUNS CURADORES
Sem citar o caso do médium João de Deus nominalmente, a Federação Espirita Brasileira prestou esclarecimentos sobre a atuação de médiuns curadores. Conforme a FEB, a Doutrina Espírita atua com o trabalho de caridade material e espiritual, sem nenhum propósito, a não ser o de auxiliar os necessitados. “Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebeste”, lembram, citando uma obra de Alan Kardec.
Esclarecem mais que “O Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com as presenças do médium e da pessoa assistida. Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria. Estes não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua orientação”.
Ao final informam que “A Federação Espírita Brasileira, junto ao Movimento Espírita, fundamentada na tríade Deus, Cristo e Caridade, pratica o bem, levando consolo e esclarecimento à humanidade”.
Encerram citando Emmanuel, em Seara dos Médiuns, livro psicografado por Chico Xavier: “Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes dela”.
HISTÓRICO
Depois de uma denúncia feita no Programa do Bial, pelo menos 200 mulheres já procuraram autoridades para denunciar estupros e abusos sexuais na Casa Santo Inácio de Loyola, mediante fraude, inclusive de vulneráveis. Joao de Deus, segundo o Ministério Público de Goiás, foi julgado por abuso sexual em 2012, mas inocentado por falta de provas.
A assessoria do médium rechaça todas as acusações e promete apresenta-lo à Justiça para colaborar com a investigação.
(Com informações da Folha de São Paulo, O Globo e Federação Espírita Brasileira).

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