segunda-feira, 18 de março de 2019

OFUSCUS

JM Cunha Santos


Principalmente nasci poeta
o que não é uma virtude
é um erro de cálculo
Hoje, cercado de criaturas demonólatras
filosoficamente inalterado
procuro onde está minha solidão
e sofro as pessoas à minha volta
porque vi na fome etiópica do Nordeste
uma lembrança e um desespero a mais

Mesmo assim, cadáver carregado
em protestos contra tiranias,
preciso de mais um corpo
para completar a minha descendência

Eis quem sou: a dublagem de um sonho
a última passagem para coisas não concluídas
o último portal entre o céu e o inferno
a gestação permanente de uma estrela
que, por pura indecência, não se esgota mais em sol

2 comentários:

  1. Que poema belo meu bom amigo Cunha, belo e engajado.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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    1. Muito obrigado, Jair. Como é enaltecedor perceber através do amigo, que não decretaram ainda o fim dos ideais de justiça e da sensibilidade.

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