Querem tanques e fuzis nas ruas da
cidade, censura, tortura talvez, mortos, quem sabe, desde que lhes seja
devolvido o poder da corrupção sem que ninguém possa sequer noticiar.
JM Cunha Santos
Houve, segundo a Polícia Federal, o
saque de 2 milhões de reais em dinheiro vivo, feito por Fernando Sarney, no
objetivo de “turbinar” a campanha da irmã, Roseana Sarney, no ano de 2006.
Houve. E Fernando Sarney foi acusado de
formação de quadrilha, gestão irregular de instituição financeira, lavagem de
dinheiro e crime de falsidade ideológica. Mais tarde, a sexta turma do STJ
anularia as provas contra Fernando Sarney, com a desculpa de que teriam sido
obtidas de forma ilegal.
Era a Operação Boi Barrica e o jornal “O
Estado de São Paulo” acompanhava e investigava paralelamente o crime de Caixa 2
praticado pelo filho do ex-presidente José Sarney. Tratava-se de um escândalo
tão extraordinário que, ao temor do indiciamento de seu cliente, os advogados
de Fernando Sarney exigiram e conseguiram que o jornal não mais citasse seu
nome em suas colunas.
Ressuscitava-se, assim, para nossa mais
completa vergonha, a partir do Maranhão, a censura, nos moldes mais acabados da
ditadura militar. Fernando Sarney passou a fazer parte de uma casta de
intocáveis imunes aos rigores da lei e ao noticiário da imprensa.
Já lá se vão mais de 3 mil dias de
censura e o ministro Levandovski, sob protestos da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI), decide revitalizar essa excrescência jurídica, mantendo o
jornal O Estado de São Paulo sob censura e garantindo um peculiar gênero de
imunidade ao senhor Fernando Sarney: ele não pode nem sequer ser noticiado,
eleva-se a condição de semideus na história do combate à corrupção neste país.
Não satisfeitos, os Sarney propõem agora
uma intervenção militar no Maranhão. Querem de volta o poder de reeditar a
censura, o ferrolho na boca, limitar a liberdade de expressão; querem tanques e
fuzis nas ruas da cidade, censura, tortura, talvez, mortos, quem sabe, desde
que lhes seja devolvido o poder da corrupção sem que ninguém possa sequer
noticiar.
Que vergonha, Maranhão!
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