terça-feira, 15 de maio de 2018

Esquerda, volver!

JM Cunha Santos


Não é tão súbita a guinada do país à direita e a opção cega de grande parte do povo brasileiro por ideais militaristas e por um regime de exceção. A última pesquisa para a Presidência da República revela que, desiludidos e indignados, milhões e milhões de brasileiros começam a acreditar que somente um regime de força recolocará o Brasil nos trilhos.
Os temores do ex-presidenciável Joaquim Barbosa, o ministro do Mensalão – a eleição de Jair Bolsonaro, a permanência de Michel Temer no poder ou o retorno a uma ditadura militar -  são cada vez mais palpáveis num cenário de muita violência nas capitais brasileiras e de intolerância zero com a corrupção.
A pregação neofascita de Jair Bolsonaro, que imagina um povo armado até os dentes atirando contra bandidos para todos os lados, confina os ideais democráticos e sequela o estado de Direito, mas ganha multidões de adeptos desiludidos com a classe política e com o nível de corrupção no país.
A intentona militarista não se mede, porém, apenas pelas intenções de votos nos candidatos à direita. Um número cada vez maior de militares aposentados disputa vagas no Congresso Nacional, há uma intervenção corrente no Rio de Janeiro e até para o Maranhão, na total impossibilidade de vencer pelo voto, deputados sarneysistas sem nenhum escrúpulo civilizatório, pediram uma intervenção militar.
Nesse cenário apavorante, o governador Flávio passou a conduzir o debate político nacional quando pregou a unidade das esquerdas em torno da candidatura de Ciro Gomes no caso, fático, da inelegibilidade do ex-presidente Lula.
Essa eleição é uma incógnita com mais de 40 % do eleitorado disposto a anular o voto, com um candidato como Bolsonaro que, sem nenhuma ideia do que seja governar, ocupa o segundo lugar nas pesquisas, com o centro-esquerda e o centro-direita no aguardo dos acontecimentos, o presidente da República, Michel Temer, assistindo sua família ser inquirida pela Polícia Federal e com o único líder de massas no país, Luís Inácio Lula da Silva, na prisão.
Nesse cenário de imprevisibilidades, há quem acredite que, mesmo da cadeia, Lula pode, sim, eleger o próximo presidente da República o que, é preciso acreditar, só será possível com a unidade das esquerdas, inclusive com o PT abandonando o arenoso terreno das impossibilidades.
Que assim seja.

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