JM Cunha Santos
Não é tão súbita a guinada do país à direita e a opção cega de grande parte do povo brasileiro por ideais militaristas e por um regime de exceção. A última pesquisa para a Presidência da República revela que, desiludidos e indignados, milhões e milhões de brasileiros começam a acreditar que somente um regime de força recolocará o Brasil nos trilhos.
Os temores do ex-presidenciável Joaquim
Barbosa, o ministro do Mensalão – a eleição de Jair Bolsonaro, a permanência de
Michel Temer no poder ou o retorno a uma ditadura militar - são cada vez
mais palpáveis num cenário de muita violência nas capitais brasileiras e de
intolerância zero com a corrupção.
A pregação neofascita de Jair Bolsonaro,
que imagina um povo armado até os dentes atirando contra bandidos para todos os
lados, confina os ideais democráticos e sequela o estado de Direito, mas ganha
multidões de adeptos desiludidos com a classe política e com o nível de
corrupção no país.
A intentona militarista não se mede,
porém, apenas pelas intenções de votos nos candidatos à direita. Um número cada
vez maior de militares aposentados disputa vagas no Congresso Nacional, há uma
intervenção corrente no Rio de Janeiro e até para o Maranhão, na total
impossibilidade de vencer pelo voto, deputados sarneysistas sem nenhum
escrúpulo civilizatório, pediram uma intervenção militar.
Nesse cenário apavorante, o governador
Flávio passou a conduzir o debate político nacional quando pregou a unidade das
esquerdas em torno da candidatura de Ciro Gomes no caso, fático, da
inelegibilidade do ex-presidente Lula.
Essa eleição é uma incógnita com mais de
40 % do eleitorado disposto a anular o voto, com um candidato como Bolsonaro
que, sem nenhuma ideia do que seja governar, ocupa o segundo lugar nas
pesquisas, com o centro-esquerda e o centro-direita no aguardo dos
acontecimentos, o presidente da República, Michel Temer, assistindo sua família
ser inquirida pela Polícia Federal e com o único líder de massas no país, Luís
Inácio Lula da Silva, na prisão.
Nesse cenário de imprevisibilidades, há
quem acredite que, mesmo da cadeia, Lula pode, sim, eleger o próximo presidente
da República o que, é preciso acreditar, só será possível com a unidade das
esquerdas, inclusive com o PT abandonando o arenoso terreno das impossibilidades.
Que assim seja.
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