De onde se lançam
foguetes e satélites, também se podem lançar mísseis, inclusive tripulados por
ogivas nucleares.
JM Cunha Santos
JM Cunha Santos
Bonachão, inspirado, cordato, o ministro da Ciência e Tecnologia,
astronauta Marcos Pontes, assemelha-se a um livro de autoajuda quando se refere
ao passado de menino pobre e a coragem e determinação que um dia o levaram ao
espaço sideral. No Seminário “Alcântara: primeiros passos”, defendeu com ênfase
a liberação do uso comercial da Base Espacial de Alcântara para o lançamento de satélites e foguetes - o acordo de salvaguardas
tecnológicas com os Estados Unidos. Só não disse que de onde se lançam foguetes
e satélites, também se podem lançar mísseis, inclusive tripulados por ogivas
nucleares.
Ainda precisamos lembrar que o mesmo Acordo de Salvaguardas Tecnológicas
chegou a ser assinado com os EUA no ano 2000, mas foi rejeitado pelo Congresso
brasileiro que à época o considerou agressivo à soberania nacional, em virtude
mesmo das tais áreas restritas ora cedidas aos pesquisadores americanos com
total sigilo e onde brasileiros não podem entrar. O novo Acordo de Salvaguardas
Tecnológicas “para fins pacíficos” estabelece, também que o Brasil não poderá
ter acesso a equipamentos com tecnologia americana.
BASE MILITAR: A EVOLUÇÃO
Aos que temem que o acordo de exploração comercial do Centro de
Lançamento de Alcântara evolua para a instalação de mais uma base militar dos
EUA na América Latina, (13 delas estão bem próximas do Brasil) sobram
argumentos, fundados, inclusive, nos espíritos beligerantes de seus dois
signatários, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o presidente
brasileiro armamentista Jair Bolsonaro.
Áreas territoriais restritas, tecnologias inacessíveis... com que
propósito, afinal, os Estados Unidos insistem, desde o ano 2000, na vigência
dessas cláusulas contratuais? Três revistas especializadas, Foreign Affairs,
International Relations e International Security, informam que os Estados
Unidos têm como prioridades o combate ao terrorismo em escala global e o fortalecimento
de sua atuação política e militar na Ásia Central, China, Índia, Sudeste
do Pacífico, Oriente Médio e Europa Ocidental. Em suma: eles gostam de guerras,
sobrevivem de guerras, lucram horrores com as guerras.
Os americanos que vão gerenciar o Centro de Lançamento de Alcântara
possuem uma rede de bases militares espalhadas por todos os continentes e forte
presença militar na América Latina e parte do Caribe, Guatânamo, (Cuba) Aruba,
Coraçao (Ilhas holandesas) Comalapa (El Salvador) Manta (Equador) e mais 17
centros e núcleos de apoio para operações militares na Colômbia e no Peru.
Porque só com relação à Base Espacial de Alcântara adotariam uma postura
diferente?
IMPERIALISMO
Beligerantes por natureza, sempre se utilizaram dos motivos mais estapafúrdios
para se apossarem de riquezas alheias. Imperialistas, nunca respeitaram a
soberania de país nenhum, usando as 800 bases militares que possuem em todo o
mundo, incluindo 76 na América Latina (12 no Panamá, 12 em Porto Rico, 9 na
Colômbia, 8 no Peru) para sustentar a hegemonia política, militar e econômica
que faz dos EUA a maior potência mundial.
Em março de 2018, o Comando Sul dos Estados Unidos tornou pública uma
informação sobre sua estratégia para essa região nos próximos 10 anos,
identificando os principais perigos ou ameaças: em Cuba, Venezuela e Bolívia, a
luta contra o narcotráfico; a maior presença da China, da Rússia e Irã na
América Latina, aventando a possibilidade de operações militares unilaterais,
bilaterais e multilaterais como resposta a qualquer crise.
Por exemplo, segundo relatório militar americano recente, Cuba continua
ameaçando os interesses dos EUA na região, por meio de atividades de vigilância
e contrainteligência em vários países. E é perniciosa e, certamente proposital,
a relação dos EUA com os países onde mantém bases militares. Especialistas
identificam que os investimentos destas nações em gastos militares cresceram
assustadoramente, paralelamente a cortes substanciais em ciência, tecnologia,
saúde e educação.
Um sinal de que operações militares na América Latina podem se tornar
realidade: No início de 2018, ocorreu a chegada de militares norte-americanos
ao território panamenho, força que permaneceu no Panamá até depois das eleições
realizadas em abril na Venezuela. A desculpa para tal ocupação foi a defesa do
Canal do Panamá.
GUERRA E POESIA
Usando como fonte DefesaNet, o respeitável site “Notícias Geopolíticas”
informou, em 5 de novembro de 2018, que a negociação entre o Brasil e os Estados
Unidos envolve BASE MILITAR, venda de armas e narcotráfico:
“A pauta de temas de Defesa em discussão entre o Brasil e os Estados
Unidos passa pelo acordo para uso da base de lançamento de foguetes espaciais
de Alcântara, no Maranhão, mergulha na segurança das reservas oceânicas de óleo
do pré-sal e trata de coisas de caráter muito prático, como a repressão ao
tráfico de drogas, armas e seres humanos nas amplas fronteiras nacionais –
incluindo aí os acessos marítimos – além de treinamento de pessoal e ações
bilaterais antiterrorismo”.
Muita gente no Brasil se mostra empolgada com os R$ 37 bilhões que o
país deve lucrar a partir desse acordo com os Estados Unidos. Mas o fato é que
eles têm, hoje, 200 mil militares espalhados pelo mundo e pelo menos em 7
países realizam, oficialmente, operações que implicam o uso de força militar,
conforme relatório divulgado pelo The New York Times.
Com sua posição privilegiada junto à linha do Equador, Alcântara seria
uma das mais estratégicas bases militares para o uso imperialista dos
americanos. E aí a região metropolitana de São Luís evoluiria de zona de
cantatas e poemas para zona de conflitos e de guerras.
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