Site revela que o juiz colaborou
secretamente com os procuradores para montar a acusação contra Lula. Veja o que
disseram o ministro Marco Aurélio, do STF, o ex-candidato do PT, Fernando
Haddad, o governador do Maranhão, Flávio Dino, o editor do The Intercept Brazil,
Glenn Greenwald e o deputado Márcio Jerry sobre este que está sendo considerado
o maior escândalo do Poder Judiciário na história da República brasileira.
JM
Cunha Santos
O
site The Intercept Brazil revelou, ontem, através de documentos secretos, que o
juiz Sérgio Moro colaborou com os operadores da Operação Lava Jato para
montagem da acusação contra Lula, instruindo e dando pistas ao procurador
Deltal Dallagnol, agindo fora da lei contra o ex-presidente.
O
site divulgou também mensagens privadas trocadas entre Moro e procuradores da
Lava Jato. “Não é muito tempo sem operação”, perguntou Moro, revelando pressa
na condenação de Lula. “A fonte é seria”, disse também Moro, orientando a
investigação.
O
ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, já se pronunciou sobre a
divulgação das mensagens afirmando que a colaboração entre Moro e Dallagnol “Coloca
em dúvida, principalmente ao olhar do leigo, a equidistância do órgão julgador,
que tem de ser absoluta. Agora, as consequências eu não sei, temos que aguardar”.
Segundo
a revista Forum, a série de reportagens divulgada neste domingo, revela
conversas de Sérgio Moro e Dallagnol que mostram atuação conjunta dos dois para
impedir uma vitória eleitoral de Fernando Haddad, antecipar a prisão de Lula e
até mesmo apresentar provas consideradas inconsistentes”.
As
consequências ainda estão por vir, mas atores políticos e jurídicos já estão
pedindo a renúncia do hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, a instalação de
uma CPI para investigar a Operação Lava Jato (agora conhecida como Lava Fatos),
ações devem desembarcar na Justiça a partir do dia de hoje, advogados cobram
uma postura firme da OAB pela demissão de Moro.
O
deputado Rogério Correia, do PT de Minas Gerais, chegou a afirmar que Sérgio
Moro e Dallagnol formaram uma quadrilha para prender o presidente Lula sem
provas, fraudar as eleições e assaltar o Brasil.
Na
melhor descrição dos acontecimentos, o site The Intercept Brazil afirma que
Sérgio Moro e Deltan Dallagnol trocaram mensagens de texto que revelam que o
então juiz federal foi muito além do papel que lhe cabia. Segundo o site “Moro
sugeriu ao procurador que trocasse a ordem das fases da Lava Jato, cobrou
agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de
investigação, antecipou pelo menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao
Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se fosse um superior hierárquico
dos procuradores e da Polícia Federal.
As
mensagens de Telegram trocadas entre Sérgio Moro e procuradores mostram que
eles tramaram em segredo para impedir a entrevista de Lula antes das eleições,
temendo que a entrevista ajudasse Haddad. O candidato do PT em 2018, Fernando
Haddad, declarou pelo twiter: “Podemos estar diante do maior escândalo
institucional da História da República. Muitos seriam presos, processos teriam
que ser anulados e uma grande farsa seria revelada ao mundo. Vamos acompanhar
com toda cautela, mas não podemos nos deter. Que se apure toda a verdade”.
Através
de manifestações em sua página no twiter o governador do Maranhão, Flávio Dino,
hoje um dos líderes das forças democráticas no Brasil, disse que “Os fatos
revelados são de inédita gravidade na história do Judiciário e do Ministério
Público. Todos aguardam explicações das pessoas mencionadas nas reportagens. E
a apuração pelas autoridades competentes”. Criticou também a nota da “Força
Tarefa da Lava Jato” considerando-a contraditória com o que eles sempre
disseram e escreveram sobre liberdade de informação e primazia do interesse
público sobre a intimidade.
O
deputado federal Márcio Jerry, garantindo que o PC do B vai cobrar explicações
na Câmara Federal, disse que “Moro e Deltan Dallagnol passam de acusadores e
julgadores implacáveis a suspeitos de utilizarem os cargos com o objetivo de
fazerem perseguição política”.
O
jornalista editor do The Intercept Brazil, Gelnn Greenwald, um dos herdeiros do
Wikileaks comentando a nota da Força Tarefa da Lava Jato declarou que “O MPF
emitiu uma longa declaração sobre nossa reportagem que não negou nada que nós
publicamos, incluindo os piores atos deles e confirmou que o material no nosso
arquivo é autêntico, o que nós já sabíamos. Disse mais que “Ironicamente, as
mesmas pessoas que divulgaram as conversas privadas de Lula – incluindo algumas
que não tinham nada a ver com assuntos de interesse público – agora estão
tentando se colocar como vítimas de uma terrível invasão de privacidade. Lembra”?
Em uma última declaração diz que “Os promotores da Lava Jato não são vítimas;
esta reportagem mostra: eles são o oposto.
A Força
Tarefa do bolsonarismo nas redes sociais, que atua desde as eleições, está
pedindo a cassação do visto brasileiro de Grenwald, o que só reforça a tese de
que, no fim, Lula é Inocente e Sergio Moro é culpado. Culpado, inclusive, de
prevaricação no exercício do cargo de juiz federal.
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