O
governador Flávio Dino entregou nesta quinta-feira (13) a condecoração máxima
do Maranhão à viúva do professor doutor Paulo Freire, em cerimônia no Palácio
Henrique de La Roque, em São Luís. O evento marcou a concessão da medalha do
Mérito Timbira (in memoriam), grau Grã-Cruz, ao educador.
A medalha
foi recebida por Ana Maria Freire, viúva do professor. “Eu me sinto
profundamente contente e alegre. Flávio Dino reconhece a importância de Paulo
para a educação, a filosofia, as ciências humanas, as ciências exatas. Hoje, há
trabalhos de Paulo em todos os campos do conhecimento baseados na literatura
dele”, afirmou Ana Maria
Ela
destacou que Freire sempre buscou a igualdade social. “Sempre buscou defender
os oprimidos e sempre buscou a democracia. Ele teve várias táticas para chegar
ao sonho maior, que é e democracia brasileira”.
A
homenagem reconhece Paulo Freire como um dos pensadores mais notáveis na
história da pedagogia.
Flávio
Dino afirmou que “Paulo Freire é uma referência do pensamento brasileiro, não
só da área da pedagogia e da educação, mas em outras áreas do conhecimento. Um
homem que dedicou a sua vida a servir à causa da justiça, do combate à
desigualdade, da esperança, um nordestino como nós”.
“Ele
merece essas homenagens de todo o povo brasileiro, como recebeu em vida dezenas
de títulos doutor honoris causa em universidades do mundo inteiro. Recebe hoje
essa homenagem do Governo do Maranhão em razão dessa trajetória honrada. E sobretudo
em reconhecimento à força, à sobrevivência e à eternidade de sua obra, que
inspira gerações e gerações de educadores; e tenho certeza que continuará a
inspirar”, acrescentou.
Sim, Eu
Posso!
Antes da
entrega da condecoração, houve uma apresentação de alguns momentos do Sim, Eu
Posso, programa que alfabetiza jovens e adultos nas 30 cidades mais carentes do
Maranhão. Já foram cerca de 20 mil formados pelo programa.
O
secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves,
explicou que o programa tem o método de Paulo Freire como grande contribuição:
“São fundamentais para a alfabetização desses alunos os círculos de cultura,
que são círculos freirianos, baseados na ideia do diálogo e na teoria da
libertação e na emancipação humana”.
Os
participantes do programa ressaltaram a mudança que o ensino provoca nas
pessoas e nas comunidades.
“A
educação pode transformar a vida das pessoas. Eu percebia muito orgulho e força
de vontade nos alunos”, disse Pedro Alves Silva, 38 anos, de Belágua. O
agricultor foi alfabetizador do Sim, Eu Posso! e ensinou 18 alunos.
“Para mim
melhorou muito nesse pouco tempo que eu estudei. Foi bom demais escrever meu
nome pela primeira vez”, contou Francisco dos Anjos, 60 anos, de Aldeias Altas
e que agora gosta de escrever cartas para os amigos.
“Com a
educação, a gente tem a oportunidade de muita coisa. A gente espera por muito
momento bom na vida da gente”, afirmou Elenilde Ferreira da Silva, 44 anos, de
Belágua. Ela tem seis filhos, todos alfabetizados.
O legado
de Paulo Freire
Paulo
Reglus Nunes Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, em Recife,
Pernambuco. Filho de uma família muito humilde vivenciou a situação de pobreza
comum a milhões de brasileiros. Como educador foi responsável por uma Educação
Libertadora, rompendo com os padrões de uma educação domesticadora. Tendo
influenciado o chamado movimento ‘Pedagogia Crítica’.
Defensor
dos oprimidos, entre as décadas de 1950 e 1960, Paulo Freire dedicou-se às
experiências no campo da educação de adultos em áreas proletárias e
subproletárias, urbanas e rurais, em Pernambuco. Foi perseguido e preso
por duas vezes pela Ditadura Militar. Aos 43 anos exilou-se no Peru, antes do
fim de 1964. A trajetória no exílio permitiu que o educador levasse suas ideias
para os cinco continentes do mundo. Em 69 foi convidado para lecionar na
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde ficou por dez meses.
Paulo
Freire escreveu mais de 20 livros individualmente, além de tantos em parceria
com outros educadores e pensadores. Entre as suas mais ricas contribuições para
a pedagogia mundial estão obras como ‘Pedagogia da esperança’, ‘Pedagogia da
Autonomia’ e ‘Cartas à Guiné-bissau’. Por todo seu legado Freire é considerado
o Patrono da Educação Brasileira. Faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São
Paulo.
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