quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A democracia queima, no Brasil, na mesma velocidade que queima a Amazônia


JM Cunha Santos


Mais de 100 mil focos de incêndio, a par de um desmatamento monstruoso agravam a verdadeira metástase que fere o chamado pulmão do mundo, a Amazônia. Centenas de declarações escapam da boca da Presidência da República, insinuando que a democracia desserve o desenvolvimento e a evolução administrativa do país. A democracia queima no Brasil, na mesma velocidade que queima a Amazônia.
Pode-se se sentir isso, nas propostas de escolas sem ideias, no esvaziamento político e financeiro das universidades, enquanto propostas de criação de colégios militares em todas as capitais lembram os primórdios do nazismo na Alemanha de Hitler.
O poder é exercido às trombadas. O governo procura inimigos entre professores, estudantes, advogados, o Ministério Público, movimentos sociais, organizações não governamentais e mal disfarça o desejo de não depender de nenhuma aprovação do Congresso Nacional, de impor limites ao Poder Judiciário e criar uma casta de veneráveis ditadores que, apoiados em fuzis e leis de exceção, decidiriam tudo, por todos nós.
São incêndios que não aceitam bombeiros, ou melhor, argumentos e queimam, incontroláveis, todas nossas esperanças. Os piromaníacos se rendem aos deuses do fogo e queimam a educação, a saúde pública, o direito à terra, as nações indígenas, a lavoura familiar, incendiando também a alma nordestina.
Um filho do presidente Jair Bolsonaro vela, exibindo arma, a recuperação do pai. Outro lamenta, publicamente, a democracia conquistada às custas de tanto sacrifício no Brasil. E o faroeste prometido ganha contornos de realidade, assanhando a indústria armamentista, celebrando a excludente de ilicitude, agora estendida a fazendeiros, grileiros e empresas agropecuárias. E quem for pobre que se exploda!
A democracia, no Brasil, queima na mesma velocidade que queima a Amazônia devastada.

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