JM Cunha Santos
Mais de 100 mil focos de incêndio, a par
de um desmatamento monstruoso agravam a verdadeira metástase que fere o chamado
pulmão do mundo, a Amazônia. Centenas de declarações escapam da boca da
Presidência da República, insinuando que a democracia desserve o
desenvolvimento e a evolução administrativa do país. A democracia queima no Brasil,
na mesma velocidade que queima a Amazônia.
Pode-se se sentir isso, nas propostas de
escolas sem ideias, no esvaziamento político e financeiro das universidades,
enquanto propostas de criação de colégios militares em todas as capitais
lembram os primórdios do nazismo na Alemanha de Hitler.
O poder é exercido às trombadas. O governo
procura inimigos entre professores, estudantes, advogados, o Ministério
Público, movimentos sociais, organizações não governamentais e mal disfarça o
desejo de não depender de nenhuma aprovação do Congresso Nacional, de impor
limites ao Poder Judiciário e criar uma casta de veneráveis ditadores que,
apoiados em fuzis e leis de exceção, decidiriam tudo, por todos nós.
São incêndios que não aceitam bombeiros,
ou melhor, argumentos e queimam, incontroláveis, todas nossas esperanças. Os
piromaníacos se rendem aos deuses do fogo e queimam a educação, a saúde
pública, o direito à terra, as nações indígenas, a lavoura familiar,
incendiando também a alma nordestina.
Um filho do presidente Jair Bolsonaro
vela, exibindo arma, a recuperação do pai. Outro lamenta, publicamente, a
democracia conquistada às custas de tanto sacrifício no Brasil. E o faroeste
prometido ganha contornos de realidade, assanhando a indústria armamentista,
celebrando a excludente de ilicitude, agora estendida a fazendeiros, grileiros
e empresas agropecuárias. E quem for pobre que se exploda!
A democracia, no Brasil, queima na mesma
velocidade que queima a Amazônia devastada.
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