JM Cunha Santos
Um clássico do Western americano, “Dança
com Lobos”, no qual, durante a Guerra Civil, um jovem soldado, (Kevin Costner),
dança em meio às feras sob os olhares espantados do povo Sioux e finda por
sofrer um terrível processo de aculturação que o transforma em guerreiro do
povo Sioux contra as forças de extermínio do homem branco. Uma época em que
nações indígenas foram cruelmente dizimadas nos Estados Unidos.
Em muito essa história se assemelha ao que
vive hoje o povo brasileiro, em virtude da eleição de Jair Bolsonaro e do tipo
de poder ora exercido no Brasil: uivos perversos segregando os mais diversos
estamentos sociais. Estamos dançando com lobos e lobos muito ferozes, imorais,
desrespeitosos que, cegamente, seguem o chefe da Matilha, armados até os dentes,
impiedosos, capazes de defender tortura e até excludentes de ilicitude em caso
de crimes de morte.
Os lobos, famintos de sangue, querem o
sangue das classes menos favorecidas e sonham com o dia em que não existirão
mais índios, sem terras, sem tetos, pobres de todos os naipes, para que, então,
possam pegar a dentadas também a classe média.
O chefe da Matilha rosna asneiras dia e
noite, indispõe o Brasil com países da Europa, referenda o desmatamento
criminoso da Amazônia, enquanto seus seguidores, que vão de skinheads a
milicianos e alienados, assustam ainda mais o país ante a vulgarização
automática do porte de armas.
Talvez pela longa convivência com os seres
humanos, os lobos organizam suas alcateias seguindo hierarquias autoritárias,
de forma que tudo o que o chefe da Matilha rosna é obedecido imediatamente e às
cegas.
Vitimados por lobos, homens e lobisomens
sobram ao povo brasileiro as esperanças de que as comunidades entenderam as más
intenções dos canis lúpus e se mantém alertas e de que, sendo essas feras
canibais, costumam se devorar entre eles mesmos.
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