quarta-feira, 31 de março de 2021

A morte e as mortes dos jornalistas Batista Matos e Rosenira Alves

JM Cunha Santos

Deus quis e inventou o amor ao próximo. E também o amor aos distantes. Não há mais dia em que uma foto nas redes sociais não nos ensine essa realidade; não há mais hora em que alguém que ainda deveria estar aqui não nos informe de sua ausência eterna.

“Morrer e vou morrer sem ter vivido”, disse a poeta Mariana da Luz, para nos colocar diante daqueles que não viveram a vida toda, que se foram deixando aqui tão-somente a vontade de viver. Nem sabemos quantos dias serão lágrimas, não conseguimos calcular o tempo que serão saudade, os anos que serão lembrança e dor.

Essa é a lei da pandemia: em apenas dois dias perdemos dois colegas de trabalho, dois companheiros, amigos em luta por uma vida que não quis ficar, guerreiros da informação, da liberdade de expressão e da opinião pública, em luta permanente para fazer deste mundo um lugar melhor de se viver.


O filósofo Sêneca afirmou que cada hora do nosso passado pertence à morte, mas creio que para quem ama o próximo até a morte vale a pena. Se não sei se existe vida após a morte, sei, entretanto, que existe vida dentro da morte e que Batista e Rosenira continuarão vivos em nossos corações.

Nesses tempos em que a canção não para de nos avisar: “há perigo na esquina”, em que dependemos de oxigênio para o corpo e para a História, nossos amigos viram Notas de Pesar, nossas pessoas partem sufocadas pelo invisível e seus sonhos vão ficando aqui, à procura de uma outra realidade.

Rosenira Alves e Batista Matos tinham sede de notícia e são eles a notícia agora.

Que sigam o caminho de luz reservado aos justos e aos brilhantes e que, mesmo sob censura do mal, escrevam no Diário de Deus que ainda existe e sobra amor no Planeta Terra.

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