JM Cunha Santos
Deus
quis e inventou o amor ao próximo. E também o amor aos distantes. Não há mais
dia em que uma foto nas redes sociais não nos ensine essa realidade; não há
mais hora em que alguém que ainda deveria estar aqui não nos informe de sua
ausência eterna.
“Morrer
e vou morrer sem ter vivido”, disse a poeta Mariana da Luz, para nos colocar
diante daqueles que não viveram a vida toda, que se foram deixando aqui tão-somente
a vontade de viver. Nem sabemos quantos dias serão lágrimas, não conseguimos
calcular o tempo que serão saudade, os anos que serão lembrança e dor.
Essa
é a lei da pandemia: em apenas dois dias perdemos dois colegas de trabalho,
dois companheiros, amigos em luta por uma vida que não quis ficar, guerreiros da
informação, da liberdade de expressão e da opinião pública, em luta permanente para
fazer deste mundo um lugar melhor de se viver.
O
filósofo Sêneca afirmou que cada hora do nosso passado pertence à morte, mas
creio que para quem ama o próximo até a morte vale a pena. Se não sei se existe
vida após a morte, sei, entretanto, que existe vida dentro da morte e que
Batista e Rosenira continuarão vivos em nossos corações.
Nesses
tempos em que a canção não para de nos avisar: “há perigo na esquina”, em que
dependemos de oxigênio para o corpo e para a História, nossos amigos viram
Notas de Pesar, nossas pessoas partem sufocadas pelo invisível e seus sonhos
vão ficando aqui, à procura de uma outra realidade.
Rosenira
Alves e Batista Matos tinham sede de notícia e são eles a notícia agora.
Que
sigam o caminho de luz reservado aos justos e aos brilhantes e que, mesmo sob
censura do mal, escrevam no Diário de
Deus que ainda existe e sobra amor no Planeta Terra.
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