JM Cunha Santos

Mentindo ao Mercosul


JM Cunha Santos

O processo de integração do Maranhão ao Mercosul, depende muito de sua logística e recursos naturais, mas depende principalmente de que o governo pare de mentir.

As vantagens apontadas ao ministro Luis Dulci e seus convivas no VII Encontro do Mercosul, realizado no Centro de Convenções, foram disseminadas pela governadora de forma muito genérica.

No que respeita ao agronegócio, o Maranhão era o 17º no rankig de exportações em 2007 e hoje é o 16º, um crescimento substancial, mas que não o retira de uma posição desconfortável e com produção restrita aos pólos de Balsas e Chapadinha . Nos dias de hoje já se sabe que as grandes importadoras do Maranhão diminuíram as compras antecipadas.

Quanto ao petróleo e ao gás do Maranhão, se já foram encontrados ainda se encontram nas profundezas da terra. No que tange á geração de energia, a julgar pelo preço que a Cemar está cobrando dos consumidores só atrairá investimentos se for subsidiada. E a cultura e o turismo do Estado naufragam em meio a arraias de R$ 1 milhão e ao confisco de recursos conveniados cuja finalidade seria melhorar a infraestrutura do trade turístico maranhense. São Luís, por exemplo, perdeu mais de R$ 8 milhões. Com isso, os turistas ficam obrigados a se mover numa cidade com escassez de viadutos, rede de esgotos esgotada e terrivelmente intrafegável.

A governadora fala também da disponibilidade de terra para agricultura, de água, comunicação, universidades e escolas técnicas para formação e capacitação de mão de obra.

Terras? Que terras? A grilagem, o agronegócio e as empresas agropecuárias engoliram toda a terra agricultável.

Água? Que água? Enquanto o governo anterior da doutora Roseana dava sumiço em milhões destinados ao Projeto Italuís II, o então presidente da Assembléia, deputado João Evangelista construía uma campanha histórica para salvar o rio Itapecuru e outros rios. O Itapecuru secava, detonado por um terrível processo de desmatamento, ataques à biodiversidade e expulsão de comunidades de pescadores e lavradores que no entorno dele viviam.

A comunicação sim. A comunicação existe. Como monopólio da família da governadora com o fim absoluto de execrar moralmente adversários políticos, perseguir os que não rezam na cartilha do sarneisismo e para defender o indefensável da corrupção cartilaginosa que eles mesmos implantaram no Estado. E vamos esperar que as universidades destinadas à capacitação de mão de obra não cobrem os preços impraticáveis da UNICEUMA de Mauro Fecury e da FAMA de Ribamar Fiquene.

A boa notícia veio do ministro Luis Dulcci ao informar que o Governo Federal se dispõe a apoiar o Maranhão nesse processo de integração ao Mercosul por meio da disponibilidade de linhas de créditos. Ele diz que os recursos estão á disposição e são pouco utilizados pelos maranhenses, mas agora todos vão saber como lidar com esse mecanismo. Só que falar em disponibilidade de recursos para o pessoal de Sarney é mais que uma temeridade, é assumir riscos incontornáveis.

A integração é realmente necessária. É sintomático, se não absurdo que, conforme anunciado no Encontro, a Argentina tenha respondido em 2008 por nada menos que 97,2 % do valor total das exportações do Maranhão para o bloco econômico. Significa que, embora seja o Mercosul uma criação brasileira, o Maranhão mais uma vez foi alijado do processo. Está restrito aos humores portenhos da economia sul americana.

Essas verdades não foram repassadas pelo governo ao VII Encontro dos Mercados do Sul. Mas é esperar demais que algum dia eles digam alguma verdade.