No final da tarde desta sexta-feira (30), o
governador do Maranhão, Flávio Dino, participou de reunião online da coalizão
Governadores Pelo Clima com o enviado especial do governo dos Estados Unidos
sobre o Clima, John Kerry.
O encontro virtual entre os gestores estaduais
brasileiros e o representante dos Estados Unidos acontece após a coalizão
Governadores Pelo Clima enviar carta ao presidente norte-americano Joe Biden
solicitando parceria com o governo americano para “impulsionar a regeneração
ambiental, o equilíbrio climático, a redução de desigualdades e o
desenvolvimento de cadeias econômicas verdes nas Américas”, como destaca o
documento endereçado à Casa Branca em março de 2021.
Além de Flávio Dino, participaram da reunião os
governadores Hélder Barbalho (PA), João Dória (SP), Renato Casagrande (ES),
Wellington Dias (PI), Reinaldo Azambuja (MS) e Eduardo Leite (RS).
Os Governadores Pelo Clima repassaram ao governo
estadunidense um ebook bilíngue com informações sobre os biomas e os projetos
que podem receber financiamentos. No ‘Portfólio de Projeto Brasileiros
sobre Mudanças Climáticas’, título da publicação eletrônica, cada governador
apresenta as prioridades ambientais de suas regiões.
Plano de Recuperação Verde
Atual presidente do Consórcio Interestadual de
Desenvolvimento da Amazônia Legal, o governador do Maranhão apresentou a John
Kerry o Plano de Recuperação Verde (PRV), uma carteira de projetos elaborada
pelos nove estados da Amazônia brasileira que integram o Consórcio. Ao
todo, os projetos do Consórcio somam R$ 1,5 bilhão.
Inspirado em outros planos de desenvolvimento em
economia verde que estão sendo apresentados pelo mundo – como o Green Deal, o
Acordo Verde Europeu -, o PRV da Amazônia Legal é uma iniciativa de
desenvolvimento que propõe uma estratégia de transição para uma economia verde
na Amazônia brasileira.
“No caso da Amazônia frisamos quatro eixos, quais
sejam: em primeiro lugar, a importância do freio ao desmatamento ilegal e
projetos de reflorestamento; em segundo lugar, produção sustentável,
bioeconomia; em terceiro lugar, tecnologia verde e capacitação; e em quarto
lugar, infraestrutura verde. É o caminho para a transição, no Brasil,
especialmente na Amazônia, em direção a uma economia verde, que garanta
sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social”, destacou Flávio
Dino.
Alternativas socioeconômicas
Na apresentação a John Kerry sobre o PRV da
Amazônia Legal, Flávio Dino ressaltou ainda que, apesar de ser a maior floresta
tropical do planeta, a Amazônia Legal e seus 5,1 milhões de km² (o que equivale
a 60% do território brasileiro) abriga mais de 29 milhões de habitantes (14% da
população brasileira) e registra um Produto Interno Bruto (PIB) insatisfatório,
que corresponde a apenas 9% do PIB brasileiro.
“Durante a reunião fiz questão de frisar que a
Amazônia é território, mas a Amazônia, sobretudo, é feita de uma vasta
população que precisa de alternativas socioeconômicas para ter acesso a
direitos, a serviços públicos, porque é com essa concepção de economia verde,
autenticamente sustentável, que nós vamos preservar a floresta em pé e garantir
que os serviços ambientais e ecossistêmicos da Amazônia se fortaleçam ainda
mais. Esse [o PRV] é um projeto de desenvolvimento da Amazônia capaz de
garantir dignidade, e, portanto, alternativas de vida para esses milhões de
brasileiros e brasileiras da Amazônia”, sublinhou Dino.
Atuação internacional em defesa do clima
O enviado especial do governo dos Estados Unidos
sobre o Clima, John Kerry, disse ter saído “satisfeito” da reunião com os
governadores brasileiros e demonstrou interesse em colaborar com os projetos de
sustentabilidade climática apresentados pela coalizão Governadores Pelo
Clima.
“É um privilégio compartilhar ideias com vocês
hoje. Estamos cientes dos desafios que os brasileiros estão enfrentando. É uma
reunião muito importante, estou muito satisfeito de encontrar governadores
brasileiros, para que todos nós possamos trabalhar juntos para enfrentar a
mudança climática”, ressaltou John Kerry.
O representante da Casa Branca acredita que 2021
pode ser um ano com alto índice de desmatamento ilegal da Amazônia Legal,
admite que o próprio Estados Unidos precisa “reduzir a dependência de
combustível fóssil”, mas acredita que esse é o momento de uma atuação
internacional para enfrentar a mudança climática no planeta.
“O presidente Biden está muito focado no combate à
crise climática e estamos levando ações necessárias para alcançarmos zero
emissões até metade do século. Todos precisam colaborar pois se não
conseguirmos as metas, todos acabaremos perdendo. A liderança brasileira sobre
as discussões de clima é muito importante. O Brasil é um dos dez maiores
emissores de gases de efeito estufa e tem interesse em ser protagonista no
debate. Estou convencido de que existe outro caminho para frente que podemos
trilhar para garantir um outro nível de vida para todo mundo, e ao mesmo tempo
proteger nossos recursos valiosos dos quais todos nós dependemos. Depois de
muitos anos de discussão climática, este é o ano que todos podemos nos juntar e
fazer algo realmente positivo”, concluiu John Kerry.
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