O governador do Maranhão, Flávio Dino
(PSB), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já deu início a
sua tentativa de golpe de estado e que, agora, resta saber até onde ele irá em
suas investidas antidemocráticas, e qual será a resposta que as instituições e
a sociedade civil darão ao mandatário.
“[Bolsonaro] já está tentando um
golpe, não se trata mais de uma previsão. No momento em que ele faz essas
marchas milicianas, com ele à frente e esse tipo de emulação criminosa, não se
trata mais de discutir se ele tentará ou não um golpe, uma ruptura, ele já está
naquilo que nós chamamos de itinerário criminoso. A questão é saber até onde
ele vai”, declarou o governador em entrevista ao UOL News.
Flávio Dino criticou a “lentidão” das
instituições em responder à altura os ímpetos golpistas de Bolsonaro, e disse
acreditar “que não ficará por isso mesmo”. Ao analisar o discurso feito pelo
atual chefe do Executivo Federal na tarde de hoje na Avenida Paulista, Dino diz
que ele adota uma “atitude demoníaca ao achar que afrontará a todos e nada
acontecerá”.
“Essa resposta institucional que o
Brasil tem que dar nos próximos dias, uma resposta curta, clara, porque ele
está tentando, mas não vai conseguir. Isso não quer dizer que não devemos nos
preocupar, porque ao tentar, ele já está cometendo crime, e por outro lado já
está produzindo danos a população que está sofrendo de pandemia, de fome e de
desemprego, e o presidente da República não está nem aí”, disse.
Para o governador maranhense, o
presidente “vem numa progressão criminosa” desde 2019, e expõe sua incapacidade
de governar o país, além de “não entender de economia” e, hoje, estar isolado
internacionalmente.
“Estamos vendo o presidente da
República desatinado, desgovernado e perpetrador de múltiplos crimes. Essas
ameaças ao Supremo, a um de seus ministros, é duplamente tipificada como
criminosa, estamos vendo a economia sofrendo em razão do descontrole do
presidente. Temos que agir para conter o desatino do presidente que está hoje
penalizando as famílias brasileiras com a alta inflação dos alimentos”,
completou.
Ao se referir às ameaças ao STF
(Supremo Tribunal Federal) e a um de seus ministros, no caso Alexandre de
Moraes, Flávio Dino faz alusão à fala de Jair Bolsonaro na tarde de hoje na
Avenida Paulista, em São Paulo, quando afirmou que não cumprirá mais nenhuma
ordem expedida pelo magistrado da Suprema Corte, a quem ele se referiu como
“canalha”.
“Qualquer decisão do senhor Alexandre
de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se
esgotou. Ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele,
para nós, não existe mais! Liberdade para os presos políticos! Fim da censura!
Fim da perseguição àqueles conservadores, àqueles que pensam no Brasil”,
afirmou o mandatário ao discursar para cerca de 125 mil pessoas.
Por que Bolsonaro
ataca Moraes?
Alexandre de Moraes se tornou o alvo preferencial de Jair Bolsonaro pelo fato
de ser ele o relator das principais investigações que correm contra o
presidente. O ministro mandou incluir no inquérito das fake news a live em que
o presidente da República atacou ministros do STF e do TSE , além de por em
xeque a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.
Moraes também comanda o inquérito que
apura se Bolsonaro tentou interferir indevidamente nas atividades da PF
(Polícia Federal). E, em outra frente, investiga o vazamento por parte do
presidente de uma investigação sigilosa da PF. Em outro inquérito, Moraes apura
o financiamento e a organização de atos antidemocráticos. A investigação mira
aliados e apoiadores de Bolsonaro.
Além disso, Moraes pode ser o próximo
presidente do TSE, justamente no ano em que o atual chefe do Executivo Federal
tentará a reeleição, e as pesquisas com intenções de votos mostram que ele
perde no segundo turno tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), quando para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
UOL
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