JM
Cunha Santos
Vavá |
Não
é de hoje que a praga da pistolagem inferniza o Maranhão, intercalando suas atividades
com períodos de maior e menor intensidade. As vítimas, em geral, são lideranças
rurais, quilombolas e políticos. Entre outras razões porque jamais se
concretizou a tão esperada regularização fundiária nesse Estado.
Décio Sá |
Desde
o assassinato do jornalista Décio Sá, este blog alerta para o dever das
autoridades de prender ou escorraçar do Maranhão, de uma vez por todas, os
pistoleiros que aqui se alimentam de conflitos de terras e disputas paroquiais
de poder. Mas a cada novo cadáver sucedem-se outros. Os crimes são cometidos
quase sempre por pistoleiros em motos, resguardados por capacetes que servem de
máscaras e, embora alguns sejam presos, os mandantes, em sua grande maioria, ou
não são descobertos ou permanecem na impunidade, na eterna condição de suspeitos.
A
pistolagem e o crime organizado fizeram tanta história no Maranhão que
chegaram, inclusive, a render mandatos parlamentares, também sucessivos a
muitas figuras que viviam ou viveram da prática desse crime. Além da morte de
Décio, jornalista íntimo do poder cuja morte provocou comoção no estado inteiro
e serviu para deixar claro que a bandidagem rica do Maranhão não teme o poder
público, outros crimes de encomenda entraram para a História, desde que a
pistolagem voltou a atuar no Estado, a partir do ano de 2010.
O
prefeito de São José dos Basílios, Chico Riograndense. foi morto com cinco
tiros de pistola calibre 380 por pistoleiros motorizados. Num crime atribuído
ao ex-deputado Edilson Peixoto foi morto, também por pistoleiros, o vereador do
município de Dom Pedro, Diego Gomes de Freitas. 13 dias depois, Edilson Peixoto
caía crivado de balas por outros pistoleiros contratados em mais um crime de
encomenda.
Cálculos
não oficiais indicam que dos quase 1000 assassinatos ocorridos no Maranhão no
ano de 2014, pelo menos 40 por cento aconteceram com as assinaturas de
pistoleiros, incluindo aí os homicídios cometidos em virtude de disputas entre
facções criminosas dedicadas ao tráfico de drogas.
A
Comissão Pastoral da Terra denunciou, nesse período, a existência de 174
conflitos violentos na disputa pela terra, como consequência da invasão das
monoculturas no Estado. E a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos chegou a
divulgar uma lista com os nomes de mais de 50 pessoas marcadas para morrer. Uma
lista guardada a ferro e fogo por pistoleiros que atuavam no Maranhão. A
verdade é que o Estado jamais agiu para conter essa sanha assassina e caiu
crivado de balas o líder do Quilombo Charco, Flaviano Neto, no município de São
Vicente de Ferrer, no outubro do ano de 2010. Os quilombolas chegaram a acampar
nas portas do Palácio dos Leões, do Tribunal de Justiça e fizeram greve de fome
no Instituto de Colonização e Reforma Agrária, (INCRA) mas a grilagem continua
predominando, as monoculturas continuam devastando terras férteis e os
pistoleiros continuam agindo impunemente no Estado.
Ontem,
um crime de encomenda ceifou a vida do vereador e presidente da Câmara
Municipal de Santa Luzia do Tide, Cícero Ferreira da Silva, o Vavá. Até a
conclusão dessa matéria, não tínhamos notícias sobre as razões que levaram à
execução do vereador do PC do B ou sobre os nomes dos pistoleiros e mandantes.
Mas é mais um crime odioso e violento que nos leva a repetir: As autoridades
precisam escorraçar, de uma vez por todas, os pistoleiros que agem no Maranhão.
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