Editorial
JP, 24 de maio
O
último prego a ser batido no caixão da sintaxe maligna do sarneisismo deve ser
o confisco ou avultamento dos meios de comunicação ao dispor dessa entidade.
Sim, porque é disso que se trata: uma conjunção de maus espíritos a tudo
disposta em nome do dinheiro e do poder.
Pistoleiros
foram resguardados de punição e protegidos da Justiça, agiotas viraram
primeiros ministros de municípios maranhenses e prefeitos verdadeiras rainhas
da Inglaterra administrando apenas o feudo familiar. Pela via de um
“parlamentarismo” diabólico que destinava os tributos pagos pelo povo à compra de
mansões, carrões, joias e relógios dignos de reis.
O
crime organizado fraturou as relações políticas no Estado. Pistoleiros
travestidos de deputados, secretários importados, jagunços infernizando as
vidas de pequenos lavradores e quilombolas, prefeitos sendo cassados pela manhã
e retornando aos cargos na noite do mesmo dia, o menor efetivo policial do país
e lideranças políticas e populares sendo chacinadas em praça pública. Pobreza,
muita pobreza. Escolas de palha, hospitais sem médicos, médicos sem hospitais,
povo sem água potável, sem redes de esgoto, agricultura sem recursos nem
planejamento e o dinheiro público escorrendo para contas secretas ao sabor de
um formidável processo de alienação.
A
sintaxe do mal revestia de doirado esse pusilânime modelo político. No ar e na
tela, 200 mil falsos empregos, empreendimentos megalomaníacos que não deram em
nada, juventude desqualificada para as novas tecnologias de coisa nenhuma. Na
mídia, o Maranhão era um paraíso econômico de grandes conquistas. Os holofotes,
entretanto, não chegavam aos pratos vazios, ao saque criminoso da merenda
escolar, à ascendência do tráfico sobre a juventude desprotegida, à corrupção e
violência desatadas, posto que a ordem era pintar o paraíso nas telas do
inferno de Dante.
O
endêmico florentino Nicolau Maquiavel, a cada injustiça, a cada grito de dor, a
cada constrangimento do analfabetismo no Maranhão, parecia ensinar aos preceptores
dessa política que tudo o que importava era a glória pessoal de Sarney e a cada
berro de fome e insegurança fuzilava nos ouvidos que “os fins justificam os
meios”. E o Maranhão se transformou numa espécie de Florença devastada pelo
crime; uma devastação que começava nos gabinetes reais e se concluía nas ruas
com as armas apontadas contra o cidadão.
Por
isso não há que se ter dó de colocar o último prego no caixão da sintaxe
maligna do sarneisismo que continua distorcendo os fatos, amaldiçoando a verdade,
driblando a justiça. E querem sangue, torcem pelo sangue, precisam do sangue
dos cidadãos nas calçadas para construir um discurso que lhes abra um caminho
de retorno ao poder.
Para
mais uma vez fazer o mal, mais uma vez matar de fome, mais uma vez saquearem o
lanche das crianças, mais uma vez abrir espaço para o crime organizado e a
corrupção.
Felizmente
para esse Estado, tudo indica que nunca mais vão conseguir.
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