Por Fausto Macedo, Julia Affonso, Ricardo Brandt,
Mateus Coutinho e Andreza Matais
A Justiça Federal condenou nesta segunda-feira, 21, o ex-diretor de
Serviços da Petrobrás Renato Duque a 20 anos e oito meses de prisão por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. É a mais alta
pena já imposta pela Operação Lava Jato contra envolvidos no esquema de propina
que se instalou na estatal entre 2004 e 2014.
Na mesma sentença, o juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-tesoureiro
do PT João Vaccari Neto, também por corrupção, a 15 anos e 4 meses de
prisão pelos crimes atribuídos a Duque. É a primeira condenação aplicada ao
ex-diretor de Serviços, apontado como elo do PT no esquema Petrobrás, e também
do ex-tesoureiro na Lava Jato.
Também foram condenados outros envolvidos no esquema. Os operadores Adir
Assad, Sônia Mariza Branco e Dario Teixeira Alves Junior foram
condenados a 9 anos e 10 meses, cada um, por lavagem de dinheiro e
associação criminosa.
O juiz Moro condenou, ainda, os delatores Mário Góes (lobista – 18 anos
e 4 meses de prisão), Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da estatal – 18
anos e 4 meses), Augusto Mendonça (empresário – 16 anos e 8 meses), Julio
Camargo (lobista – 12 anos) e Alberto Youssef (doleiro – 9 anos e 2
meses). Como colaboradores, eles cumprirão as penas definidas nos acordos
com a força-tarefa da Lava Jato.
O juiz federal Sérgio Moro afirma que Duque recebeu propina de R$ 36
milhões. “A prática dos crimes corrupção envolveu o recebimento de pelo
menos R$ 36.346.200,00, US$ 956.045,00 e 765.802,00 euros à Diretoria de
Serviços e Engenharia da Petrobrás (Consórcio Interpar, Consórcio CMMS,
Consórcio Gasam e contrato do Gasoduto PilarIpojuca). Um único crime de
corrupção envolveu pagamento de mais de vinte milhões em propinas”,
sentenciou Moro.
Sobre Vaccari, o magistrado afirmou. “A prática dos crimes corrupção
envolveu o recebimento pelo Partido dos Trabalhadores, com intermediação
do acusado, de pelo menos R$ 4.26 milhões de propinas acertadas com a
Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobrás pelo contrato do Consórcio
Interpar, o que representa um montante expressivo.”
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA LUIZ
FLÁVIO BORGES D’URSO, QUE DEFENDE JOÃO VACCARI NETO
O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende João Vaccari Neto,
disse que ainda não teve acesso à sentença condenatória do ex-tesoureiro do PT
a 15 anos de prisão em um dos processos das Operação Lava jato. Nos últimos
meses, desde que Vaccari foi preso – abril de 2015 -, o criminalista reitera
que o ex-tesoureiro jamais arrecadou dinheiro ilícito para o partido. “As
acusações são baseadas nas palavras de delatores e palavra de delator não é
prova de nada”, tem afirmado o advogado. “O sr. Vaccari arrecadou doações
lícitas, sempre doações lícitas, todas entregues ao PT, devidamente
contabilizadas e declaradas às autoridades competentes”.
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