Editorial JP, 27 de janeiro
Quando um jornalista tem em mãos uma boa
história, dessas que reacendem o mito da justiça presente em todas as culturas
e desperta o anjo vingador dos fracos e oprimidos, fica ainda mais difícil
romper com os ideais que o levaram a escolher essa profissão. Ele não terá como
esconder ou manipular informações, a nenhum preço, sem que antes se trave uma
batalha interior entre seus princípios e suas escolhas pessoais.
Jornalistas, afinal, são escritores do
dia a dia, que lidam com histórias reais, nunca com obras de ficção. Por isso,
volta e meia, se debatem entre a censura e a autocensura que lhes é impingida
por detentores do poder. Evidente que alguns acabam cedendo às mistificações
até o ponto de dispensarem a realidade, até o ponto de, como evidenciou Erasmo
de Roterdã, se tornarem incapazes de dizer o que realmente pensam e, assim,
burlar a sociedade.
Boas histórias estão sendo registradas
na esteira do Plano Mais IDH. De pessoas que estavam prontas para deixar o
Maranhão, abandonar suas roças, trocar o torrão onde nasceram e se criaram por
aventuras perigosas nas metrópoles ou promessas megalomaníacas de ótimos
salários que, quase sempre, os conduziriam ao trabalho escravo.
Histórias que contam o périplo da Caravana
Bolsa Escola, contam da entrega de 28 unidades odontológicas móveis, de um
singular movimento de alfabetização, da execução do programa Mais Asfalto em
dezenas de cidades maranhenses.
E inclua-se aí o programa Escola Digna,
substituindo prédios de palha por escolas de alvenaria nas cidades com menor
IDH do Brasil. Serão 300 unidades construídas, além das centenas de reformas,
como citou em artigo o governador do Maranhão. E equipes médicas e de
enfermagem realizando milhares de atendimentos nos primeiros meses de sua
atuação. O combate à mortalidade materna, hanseníase, diabetes, hipertensão e
mortalidade infantil.
Um ataque do governo ao êxodo rural, à
diáspora que entupiu as cidades e esvaziou o campo durante décadas sucessivas
no Maranhão.
Esperamos tempo demais para contar essas
histórias de uma gente empobrecida que não mais terá razões para fugir do
Estado, que readquiriu o direito de viver em sua terra ao simples aceno de uma
nova mentalidade política que privilegia a justiça social. Ficar aqui, para
vencer as desigualdades, proteger-se e proteger o patrimônio do povo e dar
passos cada vez mais longos no caminho da libertação. Ficar aqui, sem correr
riscos de mais injustiças, ficar aqui e contar histórias que somente o
jornalismo sabe contar.
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