O Palco Nelson Brito
no circuito Laborarte recebeu artistas que conviveram com o
homenageado. Foto:
Jorrimar Sousa
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Cantor e compositor, acostumado a não dissociar arte
da militância social, César Teixeira conviveu com algumas das pessoas
homenageadas nos espaços destinados a programação do ‘Carnaval de Todos’. Após
a apresentação no palco ‘Magno Cruz’, batizado em homenagem um ex-companheiro
de caminhada na Sociedade Maranhense de Defesa de Direitos Humanos (SMDH), o
autor de ‘Oração Latina’, considerado um hino dos movimentos sociais no
Maranhão, definiu como um reconhecimento merecido a homenagem a pessoas como Magno
Cruz, cuja história de vida foi marcada pela militância aguerrida que se
concretizou em ações importantes como a atuação na fundação do Centro de
Cultura Negra do Maranhão (CCN).
Além de César Teixeira que apresentou-se no primeiro
dia de programação do Carnaval promovido pelo Governo do Maranhão e Prefeitura
de São Luís, outros nomes de grande relevância no cenário cultural do Estado
também viveram um momento especial a se apresentarem em espaços que homenageiam
pessoas com as quais tiveram o privilégio de conviver como é caso de Nelson
Brito, um dos fundadores do Laborarte (Laboratório de Expressões Artísticas do
Maranhão) e que este ano foi incluído no circuito oficial do carnaval.
Autor de clássicos da música maranhense como
‘Engenho de Flores’ cantada mais cedo no circuito Chico Coimbra, durante a
apresentação do Bloco Tradicional ‘Os Baratas’, Josias Sobrinho foi uma das
atrações do show realizado na noite da segunda-feira de Carnaval no palco
‘Nelson Brito’. Antes de subir ao palco, ele relembrou o período em que
conviveu com Nelson Brito na caminhada de construção do Laborarte. “O nome Nelson
Brito concretiza muitas das coisas que a gente observa hoje por aqui. Era meu
amigo, estivemos juntos na luta pela consolidação do Laborarte ele representa
esta luta constante pela valorização da cultura popular e me sinto honrado em
cantar em um palco que recebe o nome de alguém que tanto contribuiu para a
cultura maranhense”, comentou.
Nem mesmo a forte virose que ameaçou deixá-lo
afônico no dia do show, impediu que Joãozinho Ribeiro, subisse no palco Nelson
Brito para reverenciar a memória de um amigo homenageado. “Esta homenagem
premia toda uma história de militância em prol da cultura popular e é muito
gratificante ter a oportunidade de se apresentar neste palco ao lado de outros
grandes artistas”, ressaltou.
A canção que abriu o show, a clássica ‘Te Gruda no
Meu Fofão’, composta por Joãozinho Ribeiro para uma peça teatral do Laborarte,
que tinha entre outros objetivos alertar de forma satírica para a necessidade
de valorização do carnaval maranhense enaltecendo-o através dos personagens e
brincadeiras que fazem da ‘festa de Momo’ no Estado algo que não se encontra em
outra parte do país,
“A memória não morre”
Antes de começar o show, Joãozinho Ribeiro pediu
desculpas por conta da voz, prejudicada pela virose, mas disse que não poderia
deixar de se apresentar em um palco que leva o nome de uma pessoa que tem uma
grande importância para o carnaval e a cultura maranhense. “É muita honra se
apresentar aqui neste palco, que recebe o nome de Nelson Brito”.
Ao comentar a homenagem prestada a Magno Cruz, que
além de militar no Centro de Cultura Negra (CCN) militou também no movimento
sindical, César Teixeira ressaltou que este tipo de atitude por parte do poder
público simboliza o reconhecimento a uma vida pautada pela militância em prol
de uma causa coletiva. Quando Magno Cruz faleceu em 2010, César Teixeira
ressaltou que pessoas cuja vida foi marcada pelo comprometimento com questões
como as que eram abraçadas por Magno Cruz permanecem vivas na lembrança de quem
compartilha estes mesmos compromissos e afirmou que a “memória não morre”.
Magno Cruz e Nelson Brito fazem parte do time de 19
pessoas que em suas diversas áreas de atuação deram contribuição importante
para a cultura maranhense por isto mereceram este reconhecimento na homenagem
prestada no “Carnaval de Todos”. Como diria a clássica canção de César
Teixeira, é preciso dizer sim “a quem nos quer abraçar, a quem nos quer
acolher” e cada uma destas pessoas teve uma trajetória de vida, marcada por
gestos concretos de comprometimento com a cultura popular maranhense.
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