quarta-feira, 27 de abril de 2016

O fim da política banguela da República das Lagostas

Editorial JP, 27 de abril

A não ser que ocorra uma hecatombe política, um fato histórico se desenha para as eleições municipais de 2016 em São Luís: o prefeito Edivaldo Holanda Júnior monta a maior coligação partidária da história política da capital para essa disputa, na qual já se incluem 14 partidos das mais diversas opções ideológicas e programáticas.
Mas há um fato muito especial a desvendar nesse raro acontecimento. Ele nos diz, em primeiro lugar, que, a partir da confiança do povo, o prefeito conquistou também a confiança da classe política. Mais que isso, entretanto, mostra, o quanto tem de irreversível a força coligada das oposições que venceram o sarneisismo em 2012 e 2014. Ficou bem claro para a população que o poder aqui foi exercido durante meio século com as armas dos mercenários, que não precisávamos ter vivido no limbo administrativo que fez do Maranhão o estado mais pobre e atrasado do Brasil.
Estão reafirmando os partidos políticos, que, pelo menos na capital, São Luís, qualquer aproximação (ou reaproximação) com a política banguela dos Sarney, é inviável. Estão dizendo não à tutela corrupta que aqui implantou os desastres da grilagem e do latifúndio improdutivo, que torrou bilhões numa refinaria fantasma, que iludiu milhões de maranhenses com os holofotes do Sistema Mirante, enquanto a turbamulta vaquejava no escuro, sem futuro, sem conquistas individuais e coletivas, porque o Estado servia somente aos apaniguados do poder.
A República das Lagostas esvaiu-se depois de tantas fraudes, tanto abuso de poder econômico, tanta propina, tanto conduto de recursos públicos para contas particulares. E, para azar deles, as redes sociais surgiram para fazer frente ao único discurso que podia ser ouvido: o discurso deles mesmos. Mentiroso, manipulador, mas atarracado aos piques de audiência da Rede Globo.
Tenha-se quase como certo que coligações similares se repetirão em todos os grandes colégios eleitorais do Estado. Os crimes políticos, assim como a Justiça social, são acompanhados de um minúsculo celular enfeixado nas mãos. De qualquer praça, qualquer esquina, qualquer banheiro. Não será mais tão fácil comprar votos impunemente, não será tão permissível corromper consciências sem que, imediatamente, a população tome conhecimento do que está acontecendo.

Decreta-se, no Maranhão, o fim da política banguela da República das Lagostas. Os vinhos dos palácios estão, hoje, destinados a comemorar outras vitórias, como, por exemplo, as vitórias da agricultura familiar, da segurança e da saúde pública. Foi por isso que a vida toda lutamos e não pelo fausto imensurável de “princesas” e “escritores” laureados financeiramente nas Odebrechts da vida, em detrimento da fome do povo e do descarrilamento social do Maranhão.   

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