Editorial
JP, 1 de abril
Os
detentos que, por indulto de fim de ano, deixam as penitenciárias e não
retornam, o mais óbvio é que pretendem continuar cometendo crimes. E nada mais
parecido com o PMDB desembarcando do governo do PT, apenas porque antevisando o
fim desse governo. Se acontecer, o mais óbvio é que também vão continuar
cometendo crimes.
Os detentos, pela força das circunstâncias, só
tem um lado: o deles mesmos. O que também acontece com o PMDB, onde quase todo
mundo só consegue pensar na própria barriga e no próprio bolso. O povo, bem...
o povo é apenas um detalhe exigido a cada eleição.
A
percepção dessa natureza egoísta e oportunista do PMDB, conforme conversa
mantida com um especialista em política maranhense, é fácil por atos e atitudes
do que já vimos acontecer por aqui. Na campanha das Diretas Já, enquanto
Zequinha Sarney discursava em tribunas e palanques a favor da aprovação da
Emenda da Diretas, seu pai, o senador José Sarney, trabalhava no Congresso pela
desaprovação. No correr do processo de impeachment de Collor de Melo, enquanto
Sarney sangrava nos bastidores para que o impedimento não acontecesse, Roseana
Sarney circulava sob os holofotes da mídia nacional na condição de “Musa do
Impeachment”.
São
casos clássicos de um oportunismo tão visceral que chegam a desnortear toda e
qualquer noção ideológica, mas definem bem o comportamento das “lideranças” que
tomaram de assalto a Ulisses Guimarães o movimento, de fato democrático e, de
fato, brasileiro que um dia existiu. E imaginem só Roseana Sarney, a princesa
das maletas do Luzeiros, ministra por indicação do mais lavajatiano dos
parlamentares, Eduardo Cunha. É caso de polícia.
As
trombetas da mídia sarneisista já anunciam que, no caso de acontecer o
impedimento da presidente Dilma Roussef, ao governador Flavio Dino não sobrará
nenhum espaço, ao nível de poder federal, para fazer alguma coisa pelo
Maranhão. Não é bem assim. Flávio Dino, ao longo de 25 anos, foi um juiz
reconhecidamente imparcial e correto; Foi, com todas as honras, presidente da
Associação dos Juízes Federais do Brasil e por duas vezes eleito o melhor
deputado federal deste país. E sairá dessa crise, seja qual for o seu
resultado, com as duas qualidades que a população brasileira mais exigirá de um
político a partir de agora: não é oportunista e é, reconhecidamente, um
político honesto. Ninguém terá o topete de lhe negar espaço ao Maranhão.
Assim,
bem mais fácil é que o povo de todo o país volte às ruas em protesto a cada vez
que um Sarney seja indicado para qualquer cargo, que assistirmos ao isolamento
desse Estado, apenas porque o PMDB dos eduardos cunhas da vida tomou o poder no
país.
Como
os detentos que não retornam às penitenciárias, os Sarney jamais retornarão ao
poder no Brasil.
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