Editorial
JP, 29 de maio
É...
Atravessar o tempo não é fácil; não é fácil vir de tão longe, assentar-se,
ocupar espaços nas almas e nos corações. Atravessar o tempo com uma proposta de
liberdade, de expressão livre, deixando para trás os cadeados e ferrolhos,
misturando-se aos menores para ser grande, continuando a cada queda, erguendo
os pulsos e os olhos em defesa de um povo, contando a História de um Estado e
de um país no papel em branco das incertezas. Não foi fácil.
Os
65 anos do Jornal Pequeno atravessam o tempo. Viemos de outro século, juntamos
duas eras entre palavras de chumbo, de madeira e palavras satelitizadas na
uniformidade dos sites do futuro que chegou.
Quantas
guerras guerreamos, quantos processos suportamos, quanto poder enfrentamos,
quantas vezes acordamos com a injustiça batendo em nossas portas e...
continuamos aqui. O jornal pequeno entre gigantes, redatores humildes entre
sumidades acadêmicas, soberbos cultores da paz e de um mundo melhor de se
viver.
Por
lidar com a notícia, fomos notificados; por não aceitar agressões, fomos
agredidos; por um instinto de liberdade, fomos censurados e pelo coração de um
povo permanecemos amados. Mas nos orgulhamos de que muitas vezes os Golias não
tenham resistido à pedra de luz em nossa Funda, ao barulho irresistível de
nosso grito por Justiça, à nossa singular capacidade de jamais curvar ante
ditaduras e autoritarismos.
Aos
65 anos, o Jornal Pequeno recebe, com palmas, o futuro; longe, bem longe dos
gritos dos pregoeiros que desconheciam a realidade da web e das redes sociais,
mas, mesmo assim, anunciavam, das manchetes garrafais do Jornal Pequeno, o
Direito e a Dignidade tantas vezes conspurcados de cada homem e mulher do
Maranhão e do Brasil.
Falamos,
quando as armas exigiam silêncio, dissemos sempre o que foi proibido dizer.
Pagamos o preço de ser a multidão, de repetir a alma dos desvalidos e
ignorados, no tempo; no tempo que nos alcança para a terceira idade de uma
insubstituível vocação: a de ser voz e estar nas gargantas dos injustiçados.
Alguém
disse uma vez: “Se nos prenderem, se nos matarem, ainda assim nós estaremos de
volta e...seremos milhões”. Nós, a despeito de todas as ameaças e tentativas de
remoção, nem precisamos voltar. Continuamos aqui. E, a julgar pelas injustiças
que ainda denunciamos, continuamos milhões.
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