O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), revogou
nesta terça-feira (17) uma portaria editada pelo governo Dilma Rousseff que
autorizava a Caixa Federal a contratar a construção de até 11.250 unidades
habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.
A medida havia sido publicada no Diário Oficial no último dia 11, na
véspera do afastamento de Dilma, como parte de uma estratégia do governo para antecipar medidas de apelo popular antes da decisão do Senado sobre o
processo de impeachment.
As obras previstas seriam administradas
por entidades escolhidas pelo governo e destinadas à faixa 1 do programa, que
atende famílias com renda mensal de até R$ 1.800.
Logo que assumiu o ministério, na última
quinta-feira (12), Bruno Araújo afirmou que faria uma "auditoria em todos
os números da pasta" para "libertar as amarras ideológicas e a
burocracia que dificultam a execução das obras". Parte das entidades que
seriam contempladas com as unidades habitacionais são contra o impeachment da
presidente afastada Dilma Rousseff.
O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto) repudiou a revogação e prometeu protestar para forçar o governo a recuar.
"É lamentável, mas era previsível.
Dissemos desde o começo que o processo golpista visava atacar também direitos
sociais. Hoje foi só o primeiro corte, e não tenha dúvidas de que vamos
responder nas ruas de todo o país", afirmou Guilherme Boulos, coordenador
do movimento, que organiza atos contra Temer para este domingo (22).
Em seu primeiro discurso como presidente interino, Temer
garantiu que manteria os programas sociais "que dão certo" –como,
segundo ele, o Minha Casa, Minha Vida–, mas disse que iria "aprimorar a
gestão". Segundo ele, nenhuma reforma iria alterar "os direitos adquiridos
pelos cidadãos brasileiros".
Procurado, o Ministério das Cidades não
respondeu à Folha até a publicação desta reportagem.
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