A Polícia Federal
prendeu nesta quinta-feira (21) um grupo que preparava atos de terrorismo no
Brasil em uma operação deflagrada a 15 dias da abertura da Olimpíada do Rio de
Janeiro. Em entrevista coletiva, em Brasília, o ministro da Justiça, Alexandre
de Moraes, informou que 10 pessoas foram presas e outras duas estão sendo
rastreadas. Dos dez, há a confirmação que um seja menor de idade.
Foram expedidos 12
mandados de prisão temporária por 30 dias podendo ser prorrogados por mais 30,
em 10 estados do país, incluindo São Paulo. O líder do grupo está preso no
Paraná.
“De simples
comentários sobre o Estado Islâmico, eles passaram para atos preparatórios. A
partir do momento em que passaram para atos preparatórios, foi feita
prontamente a atuação do Governo Federal realizando simultaneamente as 10
prisões desses supostos terroristas, que se comunicavam pela internet”,
informou o ministro da Justiça. "Dois dos presos já foram condenados e
cumpriam pena por seis anos por homicídio”, acrescentou Alexandre de Moraes.
"Eles só
começaram atos preparatórios, não seria de bom senso aguardar para ver. O
melhor seria decretar a prisão", afirmou.
Atentados pré-Olimpíada
A operação, com
nome "Hashtag" monitorou os suspeitos pela internet, via whatsapp e
telegram. O ministro diz que existia o risco de ocorrerem atentados
pré-Olimpíadas que funcionariam como “testes” dos novos recrutados do
EI.
“Eles citam como atirar com AK-47. Eles não aprofundam a questão de
execução, mas obviamente seria tiro [um possível atentado]. Em nenhum
momento, até pelo o que foi apurado, eles falam em bomba. A questão é
com armas”.
Segundo o ministro, houve trocas de mensagem com pessoas supostamente
ligadas ao Estado Islâmico. O grupo não se conhecia e agia de forma amadora,
acrescenta Moraes.
Membros do Estado Islâmico teriam pedido para que esses indivíduos
treinassem luta e manuseio de armas. As armas para um ato terrorista seriam
adquiridas no Paraguai. Não havia contato entre os brasileiros
recrutados pelo EI.
"É uma célula amadora, sem nenhum preparo, falando 'vamos treinar'.
Nenhuma célula organizada ia procurar comprar arma pela internet. É
uma célula desorganizada. Por isso que insisto e reitero a questão de
segurança nacional é muito mais importante do que terrorismo, gera mais
preocupação que o terrorismo. Não podemos ignorar, verificando que cada um
individualmente, em grupo, levaria a crer que jamais realizaria ato competente
de terrorismo", justificou.
Compra de armas pela Internet
“Um deles entrou em contato com site de armas clandestinas no Paraguai
para [adquirir] uma AK-47. Mostra um ato preparatório, não há informação que
tenha conseguido”, informou Moraes. E acrescentou: “Não saíram do país para
contato pessoal, mas a partir desse juramento do Estado Islâmico, atos
preparatórios começaram a ser realizados, como treinamentos para artes
marciais, treinos para munição, para que eles pudessem realizar atos
específicos”.
A ação da PF ocorre dias após o serviço internacional de inteligência
Site, especializado no combate ao terrorismo, informar que um suposto grupo
militante intitulado Ansar al-Khilafah Brazil declarou apoio ao movimento
jihadista Estado Islâmico em publicação em um aplicativo de mensagens e
promoveu propaganda jihadistas em inglês e português.
Um jihadista apoiador do Estado Islâmico denominado Ismail Abdul Jabbar
al-Brazili enviou mensagens em português pelo serviço Telegram repetindo
discurso de um porta-voz oficial do grupo militante, além de outras mensagens.
A revista Época
revelou que o roteiro dos terroristas envolvidos nos atentados é semelhante ao
dos casos em Orlando, nos Estados Unidos, e Paris, na França. Eles foram
recrutados pela internet e juraram lealdade ao Estado Islâmico.
A Agência Brasileira
de Inteligência (Abin) já havia confirmado no mês passado que equipes de
inteligência que atuam próximas ao plano de segurança dos Jogos do Rio tinham
detectado a abertura de uma conta em português no Telegram para a troca de
informações sobre o Estado Islâmico, mas as autoridades vinham garantindo que
não havia sido detectada qualquer ameaça de ataque ao país.
A nota oficial da prisão pela PF do Paraná
O Juízo da 14ª Vara Federal de Curitiba, por meio da Seção de
Comunicação Social Da Seção Judiciária do Paraná, esclarece que:
A Operação "Hashtag", deflagrada pela Polícia Federal na manhã
desta quinta-feira (21/7), investiga possível participação de brasileiros em
organização criminosa de alcance internacional, como uma célula do Estado
Islâmico no país. Foram expedidos 12 mandados de prisão temporária por 30 dias
podendo ser prorrogados por mais 30.
Informações obtidas, dentre outras, a partir das quebras de sigilo de
dados e telefônicos, revelaram indícios de que os investigados preconizam a
intolerância racial, de gênero e religiosa, bem como o uso de armas e táticas
de guerrilha para alcançar seus objetivos.
Os artigos 3º e 5º da Lei 13.260, de 16 de março de 2016, que disciplina
o terrorismo prevêem como crime:
Art. 3º: "Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio,
pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista" e art.
5º: Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de
consumar tal delito".
Para assegurar o êxito da Operação e eventual realização de novas fases,
os nomes dos presos, atualmente sob custódia da Polícia Federal, não serão
divulgados neste momento. O processo tramita em segredo de Justiça.
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