segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Quase 70% dos alunos inscritos no ‘Sim, Eu Posso!’ já sabem ler e escrever

Em seis meses, o ‘Sim, Eu Posso!’ já alfabetizou 9.368 maranhenses. No total, são 14.040 educandos que o programa tem como meta ensinar a ler e escrever até dezembro deste ano.


“Eu me sinto feliz porque aprendi um pouco graças a Deus. Amei meus amigos da sala, todos são maravilhosos, vou ficar com muita saudade de todos”. O trecho da carta escrita por Valdener de Moura Leite, do município de São Raimundo do Doca Bezerra, revela sua satisfação por participar do ‘Sim, Eu Posso!’, que já alfabetizou quase 70% dos alunos inscritos no programa este ano no Maranhão. Ao todo, 9.368 maranhenses aprenderam a ler e escrever em apenas seis meses.
A carta de Valdener, endereçada ao governador Flávio Dino, pede a continuidade do programa no estado. O pedido não é para menos. De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19,31% da população maranhense com 10 anos ou mais não sabe ler e escrever. Isso faz do Maranhão o quarto estado com o maior índice de analfabetismo, ficando atrás apenas de Paraíba, Piauí e Alagoas.
Por meio de um inovador método de ensino, concebido pelo Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho de Cuba (Iplac) e aliado aos círculos de cultura da pedagogia de Paulo Freire, o ‘Sim, Eu Posso!’ ajuda jovens, adultos e idosos a vencer o analfabetismo em apenas oito meses.
O programa ‘Sim, Eu Posso!’ foi implantado pelo Governo do Estado em oito municípios maranhenses. O programa é gerido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) com a coordenação da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) em parceria com o Movimento Sem Terra (MST), detentor da metodologia de alfabetização.
Números do desenvolvimento
Em seis meses, o ‘Sim, Eu Posso!’ já alfabetizou 9.368 maranhenses. No total, são 14.040 educandos que o programa tem como meta ensinar a ler e escrever até dezembro deste ano, em municípios com baixo índice de desenvolvimento humano. As cidades contempladas são:Itaipava do Grajaú, Jenipapo dos Vieiras, Aldeias Altas, Água Doce do Maranhão, Santana do Maranhão, São Raimundo do Doca Bezerra, São João do Carú e Governador Newton Bello.
A população destes municípios também é beneficiada com outras ações do Plano Mais IDH, idealizado pelo governo estadual para melhorar o IDH em um total de 30 cidades maranhenses. A iniciativa contempla projetos nas áreas de educação, saúde, saneamento e infraestrutura, trabalho e renda, cidadania, dentre outras áreas.
Investimentos e ampliação
Somente para a primeira fase do ‘Sim, Eu Posso!’ no Maranhão, correspondente ao ano de 2016, o Estado investiu R$ 7.380.022,90. Para a execução do programa foi montada uma extensa equipe de voluntários bolsistas, contratados por meio de processos seletivos. Ao todo, são 702 alfabetizadores e 71 coordenadores de turma. Na segunda etapa do programa, referente a 2017, serão 32 mil pessoas alfabetizadas em 20 municípios a serem escolhidos. A segunda fase está prevista para começar em abril do ano que vem.
O valor do conhecimento
Aos 49 anos, Francisco José Rocha dos Santos começa a escrever as primeiras linhas e faz planos para o futuro. “Vou fazer muitas coisas, um trabalho melhor, porque hoje em dia quem consegue um serviço melhor é quem sabe ler. Para quem não sabe, é serviço pesado, brutal”, falou o educando, de Água Doce do Maranhão. “O que vale é o estudo hoje, porque hoje em dia, se a pessoa não tiver um estudo, nada feito”, declarou.
O valor do conhecimento também trouxe ânimo novo para a vida de Emília Damiana do Carmo, aluna do ‘Sim, Eu Posso!’ aos 48 anos de idade. “Já estou lendo um pouquinho e isso mudou muitas coisas na minha vida. A gente se diverte mais porque a gente está aprendendo, então eu estou achando muito bom”, disse a aluna dos círculos de cultura de Aldeias Altas.
Justiça social

Para o secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, o programa de combate ao analfabetismo também é uma forma de corrigir décadas de descaso do poder público para com a população mais carente do estado. “Muitos maranhenses ainda não possuem qualquer nível de alfabetização, pois nunca frequentaram a escola. São pessoas à margem da sociedade, com oportunidades profissionais e pessoais negadas. O ‘Sim, Eu Posso!’ vem para transformar a vida dessas pessoas, para que a gente possa erradicar esta chaga que é o analfabetismo”, declarou Camarão.

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