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Arlindo de Jesus Santos (à esq.) e Renato Soares de Araújo (à dir.) estão entre os brasileiros que desapareceram no mar do Caribe |
Vinte mil dólares. Este foi o valor individual médio pago aos
"coiotes" pelos 19 brasileiros
desaparecidos que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos.
A informação foi dada pela Ivanilza Jesus Santos, irmã de um dos
desaparecidos: Arlindo de Jesus Santos, natural da cidade de Rondon do
Pará. O grupo saiu de barco das Bahamas, no Caribe, e seguiu em
direção a Miami no mês passado. Segundo o Ministério das Relações Exteriores,
eles teriam embarcado no dia 6 de novembro e, desde então, não fizeram
mais contato com os parentes.
Ivanilza disse que o irmão até vendeu
um carro para ajudar no pagamento da quantia. O paraense mora em Belo
Horizonte e já havia sido deportado depois de oito anos morando nos Estados
Unidos. Essa era a terceira vez que ele tentava entrar no país.
"Ele já chegou aqui devendo,
porque a esposa já tinha ido. Ele falou que tinha que tentar ir de novo, tinha
que pagar dívidas. Aí tentou, só que foi pelas Bahamas. Só que a gente não sabe
quem o levou. Na verdade é muita gente. Um leva até Belo Horioznte, outro
leva até São Paulo, outro leva até Bahamas e outro pega pra levar. Então é
muita gente, e a gente não sabe!", relatou a irmã de Arlindo.
Paulo Silva, amigo da família, morou
com Arlindo nos Estados Unidos durante a estadia do paraense no país, de 2005 a
2013. Ele conta que o amigo buscava, mais uma vez, "tentar a vida"
nos Estados Unidos.
"Minas Gerais ele trabalhava
como pedreiro, e nos Estados Unidos se aperfeiçoou na área de construção. É um
rapaz muito trabalhador, honesto, de família simples e humilde, mas digna. Uma
pessoa que está indo em busca de um sonho, de ganhar um pouco de dinheiro. A
história todo mundo sabe, mudar de vida, ainda mais na questão
financeira", contou Paulo.
Além do Arlindo, estavam no mesmo
barco brasileiros de Rondônia e de Minas Gerais. São dois mineiros
desparecidos: Renato Soares de Araújo, de 32 anos, e Márcio Souza, de 26.
Ambos são de Sardoá, município de 6 mil habitantes na região leste de Minas, a
335 quilômetros de Belo Horizonte. A cidade fica na mesma região de Governador
Valadares, e que é conhecida pelo intenso movimento de emigração para
Estados Unidos. Segundo o irmão de Márcio de Souza, Rogério Pinheiro de
Souza, esta era a segunda vez que ele tentava entrar no país de forma
ilegal. Na primeira, ele acabou sendo preso. Depois de dois meses no
Brasil, Márcio resolveu fazer uma nova tentativa. O próprio Rogério disse que
já foi para os Estados Unidos, sem visto, e passando pela mesma situação:
usando um barco arranjado por "coiotes". Ele disse que na cidade
em que moram é muito comum esssa saída de pessoas de forma ilegal,
mas que não tentaria novamente.
"É complicado, nem tenho coragem
de voltar. E falei com ele. Eu mesmo nem queria que ele fosse. Só que quando a
pessoa quer ir, segurar não tem jeito. O combinado é a pessoa levar,
entregar a pessoa no endereço que ela quer chegar e a pessoa vai e paga a
pessoa assim que ele chega. Aqui na nossa cidadezinha, aqui no interior, é
praticamente normal, vai muita gente", contou Rogério.
Segundo o
Itamaraty, a embaixada brasileira em Nassau, capital das Bahamas, está em
contato constante com as famílias, com autoridades do país caribenho e com os
Estados Unidos. Equipes de resgate realizam buscas em toda a região. A
possibilidade de prisão dos 19 brasileiros nas Bahamas também não está
descartada, mas até o momento, não foram encontrados registros de brasileiros
na penitenciária das Bahamas.
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