A Polícia Civil do Paraná incinerou 384 quilos de
pasta base de cocaína encontrada no tanque de um avião que caiu no último
fim de semana, no município de Querência do Norte – no noroeste do estado,
a 623 quilômetros de Curitiba. A empresa dona da aeronave, a Onesko Aviação
Agrícola, informa que o aparelho tinha sido furtado.
Segundo o delegado responsável pela comarca, Alysson
Gabriel Tinoco, a pasta base foi rapidamente destruída para evitar que
criminosos tentassem recuperá-la, conforme já aconteceu em outras delegacias do
país. De acordo com estimativa do delegado, a droga apreendida renderia, nas
ruas, entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões aos traficantes.
O avião caiu em uma fazenda a cerca de 30
quilômetros do centro de Querência do Norte, próximo à divisa com o Mato Grosso
do Sul. Acionados, os primeiros policiais militares que chegaram ao local já
não encontraram o piloto. Cerca de 60 quilos de pasta base em tablets estavam
espalhados ao redor da cabine da aeronave. Posteriormente, a Polícia Militar
encontrou mais de 300 quilos da droga no chamado tanque seco (hopper),
originalmente usado para acondicionar agrodefensivos.
Segundo o delegado, testemunhas relataram que o
pilotot deixou o local em um táxi. A polícia já identificou e ouviu o taxista,
que contou que foi ao local atendendo a um chamado telefônico. O taxista disse
que o homem estava ferido, pediu para ser levado até uma cidade próxima, mas,
no meio do caminho, pediu que o motorista o deixasse ali e se embrenhou em um
matagal.
A Polícia Civil já colheu provas biológicas que
podem ajudar na identificação do piloto e ouvirá representantes da empresa de
serviços agropecuários, dona do avião. À Agência Brasil, funcionários
da Onesko informaram que o advogado da empresa registrou boletim de ocorrência
de furto da aeronave, sem precisar quando isso foi feito. Desde a última
sexta-feira (13), o dono da empresa, Jaroslau Onesko Filho, não se comunica com
os empregados, que souberam da queda da aeronave pela imprensa.
“Estamos esperando notícias do Jaroslau. Fomos todos
pegos de surpresa, no sábado (14), e nem sequer imaginamos o que pode ter
acontecido”, comentou a secretária da empresa, Letícia Evelyn da Silva,
explicando que Onesko usou o avião na última quinta-feira (12) à tarde para
pulverizar uma fazenda que, segundo ela, contratou o serviço diretamente com o
dono da empresa e piloto.
Na sexta-feira (13), supostamente após realizar o
serviço, o Jaroslau apareceu no escritório, em São Jorge do Ivaí [PR], na parte
da tarde, de acordo com a secretária, e disse apenas que iria para Maringá
comprar algo para o avião. Depois disso, acrescentou, "não soubemos de
mais nada, até que, no sábado, soubemos que o avião tinha caído. Hoje, o
advogado nos informou apenas que tinha registrado um boletim de ocorrência [na
polícia] e que podíamos abrir o escritório e trabalhar normalmente”.
A Agência Brasil não conseguiu
contato com o advogado da empresa, nem com Jaroslau Onesko Filho, cujo telefone
só dá caixa postal. O delegado de Loanda informou que não tinha conhecimento do
registro do boletim de ocorrência, mas disse que iria procurar os
representantes da Onesko.
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