JM Cunha Santos
Quem quiser perceber a evolução de um
modelo político, muito especialmente em tempos de crise, deve atentar para as
ações de governo que influenciam diretamente as vidas das pessoas; buscar as
diferenças que superam a desnutrição, a insegurança alimentar, as dificuldades
de mobilidade, o analfabetismo e o analfabetismo funcional, os limites
impostos, pela distância e pelo distanciamento, à saúde pública, a inclusão dos
esquecidos no rol da sociedade que come, se organiza, se educa, produz e tem
renda e, com isso, readquire a solapada dignidade.
Essa nova situação maranhense ficou
muito perceptível durante a Solenidade de Fortalecimento da Agricultura
Familiar no Maranhão, ocorrida no último dia 7, no Palácio Henrique de La
Rocque, e que não é a primeira. Naquela ocasião, 51 trabalhadores rurais do
município de Bom Jardim recebiam títulos de terra, dando sequência a uma série
de ações de governo que em nada lembram os tormentosos tempos da especulação
imobiliária, da grilagem criminosa, da diáspora contra o homem do campo, da
pistolagem, das cadeias dominiais geradas em cartórios de falsificação em favor
de grandes proprietários de terras e das desapropriações milionárias regadas ao
preço de propinas.
Foi uma solenidade simples, de gente
simples recebendo trituradores de capoeiras para evitar as queimadas e a
garantia do acesso à terra, a tecnologias para eles surpreendentes, patrulhas
agrícolas, lanchas, carros e quadriciclos para a Agerp, tratores, cartões do
Programa de Aquisição de Alimentos para a Agricultura Familiar e espaços de
comercialização de seus produtos.
Em tudo o que se percebe, o governo está
trocando monstros de cimento pelo alívio nos corações humanos. O direito à
propriedade, o direito de plantar sem sustos, o direito de vender e comprar e,
muito especialmente, o direito ao trabalho honesto e à dignidade de ser um
cidadão produtivo na sociedade.
“Vivemos um dos momentos mais difíceis
deste país. O Maranhão perdeu R$ 400 milhões em transferências federais”,
contou o governador Flávio Dino relacionando outras iniciativas no sentido da
geração de riquezas. Finalizaria referindo-se, mais uma vez, a esse momento de
escuridão nos céus do Brasil, para dizer que, mesmo na escuridão, precisamos
olhar as estrelas e que a agricultura familiar é uma dessas estrelas.
E os maranhenses sabem que muitas
estrelas se perderam nos céus desse estado durante a subgestão corrupta do
sarneisismo. A estrela da educação era de palha, a estrela da saúde era uma
fraude bilionária, a estrela da segurança queimava sob o fogo do crime
organizado e só brilhava, solitária e onipresente, a estrela da corrupção.
E ao assistir à ressurreição da estrela
da agricultura familiar, tanto tempo ofuscada pela escuridão dos interesses
patrimoniais, ao ver a terra em mãos de quem trabalha nela, é impossível não
acreditar num futuro melhor; ao ver gente outrora sem comida comendo, novas
tecnologias, comercialização, produção e distribuição de renda, torna-se
possível pensar que, a despeito de todas as crises, a cada dia é possível
acender uma nova luz.
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