JM
Cunha Santos
Polícia
é polícia, político é político. Nada a ver com a célebre frase de Lúcio Flávio,
o passageiro da agonia. Longe de mim querer avaliar toda a classe política por
Michel Temer, Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros. Mas se é fato que
toda a população brasileira, inclusive a imprensa, faz repousar uma aura de
heróis sobre os policiais federais neste país, fato é também que essa imagem
escorreita, de dignidade, probidade, ética intocável foi abalada nos últimos
dias desde que Sarney, sempre à guarda de propósitos políticos inconfessáveis,
se meteu a indicar o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia.
E
eles são heróis sim, enfrentando o crime organizado, provando que figuras
intocáveis da sociedade não passavam de bandidos de gravatas, conduzindo para a
prisão executivos poderosos de grandes empresas, invadindo apartamentos
entupidos de dinheiro público, abrindo as malas de corrupção que guardam a
infelicidade da saúde pública, da insegurança incontrolável, da fome, da
miséria e do desemprego do povo deste país.
Algumas
pesquisas mostram como cresceu o grau de confiança da população brasileira na
Policia Federal. Em 2013, conforme o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, 72,6 % da população da região Centro-Oeste concordavam ou concordavam
muito que o trabalho da Polícia Federal é rápido e eficiente; na região
Nordeste 62,1 %; 67,9 % na região Norte
e 70,1 % na região Sul.
Outra
pesquisa, encomendada pela Associação dos Magistrados Brasileiros à Opinião
Consultoria, mostra que apenas 11 % da população confia nos políticos e somente
16 % confia nos partidos políticos. Nessa mesma avaliação, a Polícia Federal
aparece com 75 % da confiança da população e as Forças Armadas com 74,7 %. É a
distância de um abismo.
São
os mesmos brasileiros entre os quais 85 % creem que a corrupção pode ser
combatida e 94,3 % acham que um político processado não deveria poder concorrer
a eleição. Ou seja, ninguém da família Sarney poderia se candidatar a nada.
Nessa
pesquisa surge que 41,8 % confiam no Poder Judiciário como um todo, 45 % confiam
nos juízes e 52,7 % confiam no Supremo Tribunal Federal.
Um
caso raro, a Polícia Federal tem também, por tudo o que se tem lido, ouvido e
assistido nos últimos anos, um grande respeito e confiança da desconfiada
imprensa brasileira. Mas Sarney meteu o dedo lá e tudo desandou. O que temos
lido na imprensa nacional abala sensivelmente a imagem da instituição. O
diretor Fernando Segóvia já foi citado como “pau mandado de Sarney” e suas
declarações com relação à mala de dinheiro de Temer denigrem essa imagem ainda
mais.
Isso,
essa indicação, não podia ter acontecido. Instituições policiais precisam ser
autônomas e livres de influências, pois cabe a elas combater o crime e os
criminosos e proteger de todo mal a sociedade. A presença de Sarney, por todo o
seu histórico político, mancha a imagem de qualquer coisa séria. E está
abalando a imagem da instituição mais confiável do Brasil, a Polícia Federal.
Que,
acreditamos, apesar de Sarney, merece todo o respeito e confiança do povo
vilmente assaltado pela corrupção neste país.
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