A greve da jibóia
JM Cunha Santos
Há cerca de dois meses, ao tempo em que se denunciava que a maior parte das viaturas da polícia estava recolhida por falta de combustível e que apenas um posto de gasolina ainda atendia a crédito ao Sistema de Segurança do Estado, um helicóptero singrava os ares de São Luís estendendo a voz forte de suas turbinas sobre a população desprotegida. Era recente uma carnificina inominável com 18 mortos nos presídios de Pedrinhas.
JM Cunha Santos
Há cerca de dois meses, ao tempo em que se denunciava que a maior parte das viaturas da polícia estava recolhida por falta de combustível e que apenas um posto de gasolina ainda atendia a crédito ao Sistema de Segurança do Estado, um helicóptero singrava os ares de São Luís estendendo a voz forte de suas turbinas sobre a população desprotegida. Era recente uma carnificina inominável com 18 mortos nos presídios de Pedrinhas.
No último domingo, o Fantástico anunciou que o Sistema Estadual de Segurança contratou uma jibóia para livrar presos e policiais dos ratos da delegacia de Bacabal. Ocorre que uma hora de vôo da cósmica aeronave custa a “bagatela” de R$ 3.000, sem a inclusão do combustível. Porque ela possui ganchos de carga, filtro anti-areia, equipamentos de comunicação, sistema de navegação, quase tudo que uma jibóia possui. E, por isso, como tudo é fantástico no Maranhão, a jibóia de Bacabal está em greve por melhores condições de trabalho. Exige pelo menos a contratação de uma cascavel para auxiliá-la no estafante serviço de engolir ratos. E quer mais ovos, muito mais ovos do que a delegacia pode comprar. Os policiais não sabem mais o que fazer para por fim ao movimento paredista da jibóia, que anda ameaçando criar um Sindicato e se filiar à Força Sindical, já que não confia na CUT por causa de certas cobras do PT.
Entre a fantástica nave espacial do governo e a greve de advertência da jibóia, o programa da Rede Globo mostrou também uma das jaulas medievais que servem de depósito humano aos presos do Maranhão.
Os ratos estão em festa, a jaula está cheia, a aeronave singra inutilmente os céus de São Luís, mas segurança que é bom não existe, nem dentro, nem fora dos presídios. Enquanto isso, a jibóia dá boa noite e solícita cumprimenta a todos: “Bem vindos ao inferno”.
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