quarta-feira, 16 de março de 2011

Abrigos no Japão guardam histórias de perda e esperança

Vítimas do terremoto não sabem até quando ficarão em alojamentos. Repórter visitou locais em Natori, na província japonesa de Miyagi.

Thassia Ohphata Especial para o G1, em Miyagi

Aos 78 anos, Matsuko Endo, tenta sorrir e jogar conversa fora com os amigos e conhecidos num abrigo instalado em Natori, na província japonesa de Miyagi. Mas, na verdade, seu pensamento está em num dos três filhos, que desde a última sexta-feira, ela não tem notícias. “Aqui estou sem comunicação. Sei que ele está bem”, diz ela, sem perder as esperanças de reencontrar o filho, que vive na província de Saitama, próximo à capital japonesa.


Matsuko perdeu praticamente tudo o que tinha. A casa, que vivia com um dos filhos, nora e três netos, na zona portuária da cidade, foi danificada com os abalos sísmicos. “Foi terrível. Senti muito medo”, recorda a japonesa, que no momento do forte terremoto de magnitude 9 assistia a um programa na televisão.

Desde sexta, ela está um abrigo instalado numa escola pública, juntamente com outras 400 pessoas. Masuko conta que um dos filhos também está em um abrigo em Sendai. “Pela primeira vez senti um terremoto assim. Foi algo inacreditável”, acrescenta ela.

As histórias de perda se somam. Ryoko Haryu, de 82 anos, vive sozinha em Natori, desde que ficou viúva há 17 anos. “Perdi tudo o que tinha”, conta ela, que também teve a casa destruída pelo abalo. “Até pela minha idade, não sei o que irei fazer”, lamenta ela, que nasceu e foi criada na cidade. No momento do terremoto, ela cochilava e precisou da ajuda dos vizinhos para sair de casa e chegar até o local do refúgio. As duas flhas de Ryoko, que vivem em Sendai, já foram visitá-la.

Durante o terremoto, Nayuri Ishii, de 44 anos, diz que não conseguia pensar em nada, além dos seus três filhos. “Achei que nnca mais iria encontrá-los novamente”, conta a dona-de-casa de Nattori, que desde sexta-feira está num abrigo na cidade com a família. O prédio em que os Ishii moram foi interditado por questões de segurança. “Era algo real e foi uma lição, pois sabíamos que um terremoto com essas proporções iria ocorrer no Japão, mas não sabíamos exatamente quando e nem onde”, acrescenta ela, que naquele momento estava sozinha no apartamento.

A filha mais velha, Hiroka, 23, estava no trabalho, numa loja do shopping center da cidade. “Fiquei preocupada com a minha família e também com os clientes, que estavam assustados e em pânico”. Agora, mãe e as duas filhas ajudam na coordenação de um dos grupos do abrigo. “Ainda há muita gente procurando o refúgio, alguns vem sem roupa e nem cobertores”, diz Hiroka.

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