quarta-feira, 16 de março de 2011

Sucursal do nazismo

JM Cunha Santos

Nem era mais possível imaginar a cena descrita em documento encaminhado pela Câmara Municipal de Campestre do Maranhão à Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Minorias da Assembléia Legislativa. Uma adolescente, Tamires, presa em um município (Campestre) encaminhada à Delegacia de outro município (Porto Franco) e morta sob tortura, provavelmente pela própria polícia.

Todas as angústias do homem brasileiro moderno não incluem mais estas cenas dantescas de pessoas sendo assassinadas a pancadas nas caladas da noite. O regime de chumbo se foi. Não há o que justifique tamanha barbárie. Como uma pessoa sob custódia do Estado é barbarizada até a morte no Maranhão. O crime provocou um natural levante popular, uma revolta imediatamente reprimida e com muita força, segundo os vereadores, pela Polícia Militar.

Estamos indo além do que parece possível numa sociedade civilizada. Não bastassem os escangotados do Sistema Penitenciário, temos que também absorver o sofrimento de pagar servidores públicos para matar cidadãos e cidadãs, no caso uma adolescente, sabe lá porque motivos e sabe-se lá governados por que tipo de ódio.

Não interessa quem são os culpados, nem mesmo se por ação ou omissão. Eles não podem permanecer na polícia. Lugar de monstros é nos desenhos animados, em filmes de terror e não vestindo as capas de defensores da Justiça e paladinos da lei. O senhor secretário de Estado de Segurança Pública, Aluísio Mendes, precisa tomar uma atitude firme com relação ao desvario de policiais que são capazes de tirar a vida de adolescentes.

Na marcha que vai o Maranhão vai acabar entrando para a história como sucursal mais perfeita e acabada do nazismo moderno, engolfado pela força de uma civilização que, exatamente para combater crimes de tortura e genocídio, criou os Direitos Humanos.

Quem, afinal de contas, quer imaginar uma filha sua sendo subjugada, estropiada, torturada, massacrada, enforcada, aos gritos, sem uma única defesa por algumas bestas que se divertem com o sofrimento alheio?

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