JM Cunha Santos
Houve um presidente, Collor de Melo, que se elegeu jurando amor aos descamisados. Para se ver como as coisas mudam, um verdadeiro terremoto de indignação tomou conta do mundo jurídico e de outras autoridades, porque os presos de Macapá, envolvidos nas gambiarras financeiras do Ministério do Turismo, foram fotografados sem camisa e suas imagens distribuídas à Internet.
Realmente, a camisa é um artefato indispensável e para determinadas pessoas, inclusive autoridades de Macapá, a melhor das camisas é a camisa de força. Com essa, quem sabe, eles não encontrem meios de meter as mãos no bolso do povo.
Parece que esse Estado vive uma maldição. Não faz muito tempo foram presos governador, prefeito e até o presidente de um órgão correcional, TCE, por ato de corrupção. Os 35 presos da Operação Voucher já estão todos soltos e muito bem vestidos de camisa, paletó e gravata. O diabo é que essa operação está contribuindo muito para o enriquecimento das operadoras de telefonia móvel. Tem gente - Sarney é um destes - que não tira mais o celular dos ouvidos. É só ver um jornalista que o celular toca, treme retine e vai parar nos ouvidos.
Ninguém pode garantir qual desses artefatos, camisa e celular, protege melhor dos homens da lei e de jornalistas intrometidos que não cansam de incomodar a vida alheia. Num país onde se esconde dinheiro na cueca, uma camisa não deve estar mais valendo muita coisa. Assim mesmo provocou um verdadeiro terremoto no Poder Judiciário. Já o celular, nessas horas de agonia e perseguição política, deixa sempre uma pergunta indiscreta no ar: para quem será que eles estão ligando?
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