quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Será que Deus está dormindo?

JM Cunha Santos

“Há uma bala voando”, preconizava o poeta Bandeira Tribuzzi que sequer viveu esses tempos de tortura psicológica de hoje no Maranhão, em que qualquer pai de família, mulher ou criança, vive o terror de ser alcançado a qualquer momento por essa bala que o poeta via, à qual se juntaram outras tantas à procura de qualquer um de nós.

Ao reclamar, ontem, da violência no trânsito, o jovem deputado Neto Evangelista exclamou: “as pessoas perderam o senso de humanidade”. É a juventude, invariavelmente despreocupada das grandes questões desse mundo, que se manifesta, irrequieta, temerosa, apavorada, enojada, diante do que as pessoas são capazes de fazer nos dias de hoje.

Evangelista se referia ao frio assassinato de José Raimundo Assunção Filho, Nengo, ocorrido no último domingo, em virtude de uma solicitação de ultrapassagem no trânsito. Mas não é apenas o senso de humanidade. São as almas sujas que circulam em meio a todos nós achando que a vida humana não tem nenhum valor. São assassinos frios, como os responsáveis pelos 15 cadáveres do último final de semana em São Luís.

A gente chega a ter vergonha de ser gente, de envergar o título de ser humano, diante de fatos como esses. Isso nos diminui, nos faz menores, nos arrasta à condição dos seres rastejantes que ejaculam veneno e matam pelo prazer de matar.

Estamos com medo, senhores. Medo de sair às ruas, medo de nos divertir, medo de trabalhar, medo de estar com nossos filhos em qualquer lugar da cidade. Não bastasse a miséria, a corrupção, a roubalheira desenfreada que mata de fome, os monstros nos cercam com sede de sangue.

Ninguém explica de onde vem tanto ódio, ninguém sabe quem fabricou essas larvas que consomem a sociedade e, muitas vezes impunes, continuam a matar e a matar, deixando até dúvidas se ainda vale a pena lutar tanto para sobreviver. E é impossível não perguntar: será que Deus está dormindo?

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