JM Cunha Santos
William Godwin, um dos filósofos libertários do anarquismo que vicejou
na França do século XIX, fez duas observações que cabem como uma luva
nos dias políticos que vivemos hoje no Maranhão. Na primeira, garantiu
que de todos os meios capazes de agir sobre o pensamento nenhum é mais
poderoso do que o governo. Na segunda, afirmou que o governo é tão mau
na prática quanto na teoria.
Nas eleições de 2010 vimos o governo Roseana agir de forma furiosa
sobre o pensamento de partidos políticos e prefeitos que até então
juravam ter rompido com o modelo coronelista do senador José Sarney. O
confisco de recursos, ameaças, compra de consciências e coações
garantiram apoio à reeleição da governadora. E o projeto das oposições
se esvaiu em meio aos mais testemunhados crimes de abuso de poder
político e econômico da história eleitoral desse Estado.
“O governo é tão mau na prática quanto na teoria”. Nem vamos falar
aqui das escolas fechadas, da insegurança, das ameaças aos
funcionários públicos. O governo é mau porque se assenta na teoria de
que governar é vencer eleições, pouco importando que para tanto seja
necessário cultuar o analfabetismo, corromper lideranças, promover
carnificinas morais através da mídia, relegar a segurança a segundo
plano e subjugar a Justiça, tudo em detrimento das aspirações
ideológicas, econômicas e políticas de todo o povo.
Mas se o governo é mau (e vai mal) é preciso não esquecer da leniência
existente em certos setores da oposição que diante de qualquer revés a
seus projetos pessoais se rendem às sinecuras, empreguismo, cargos e
verbas públicas que jorram das canetas do poder. Via de regra, os
derrotados da oposição hoje, tornam-se secretários de governo amanhã.
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