terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O governo é mau

JM Cunha Santos


William Godwin, um dos filósofos libertários do anarquismo que vicejou

na França do século XIX, fez duas observações que cabem como uma luva

nos dias políticos que vivemos hoje no Maranhão. Na primeira, garantiu

que de todos os meios capazes de agir sobre o pensamento nenhum é mais

poderoso do que o governo. Na segunda, afirmou que o governo é tão mau

na prática quanto na teoria.

Nas eleições de 2010 vimos o governo Roseana agir de forma furiosa

sobre o pensamento de partidos políticos e prefeitos que até então

juravam ter rompido com o modelo coronelista do senador José Sarney. O

confisco de recursos, ameaças, compra de consciências e coações

garantiram apoio à reeleição da governadora. E o projeto das oposições

se esvaiu em meio aos mais testemunhados crimes de abuso de poder

político e econômico da história eleitoral desse Estado.

“O governo é tão mau na prática quanto na teoria”. Nem vamos falar

aqui das escolas fechadas, da insegurança, das ameaças aos

funcionários públicos. O governo é mau porque se assenta na teoria de

que governar é vencer eleições, pouco importando que para tanto seja

necessário cultuar o analfabetismo, corromper lideranças, promover

carnificinas morais através da mídia, relegar a segurança a segundo

plano e subjugar a Justiça, tudo em detrimento das aspirações

ideológicas, econômicas e políticas de todo o povo.

Mas se o governo é mau (e vai mal) é preciso não esquecer da leniência

existente em certos setores da oposição que diante de qualquer revés a

seus projetos pessoais se rendem às sinecuras, empreguismo, cargos e

verbas públicas que jorram das canetas do poder. Via de regra, os

derrotados da oposição hoje, tornam-se secretários de governo amanhã.

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