Observem a juventude seduzindo através dos sorrisos, dos beijos demorados, dos corpos suados. Vejam como se insinua, nua e sem pudor. Serão as batidas das músicas ou dos corações, serão as cores na avenida, o samba nos pés ou simplesmente a contemplação do momento?
Ainda há no mundo miséria, desamor, injustiça, crime, mas quem é que vai lembrar das dores da vida, quem é que vai chorar as perdas da humanidade no desfile das escolas de samba, atrás dos trios elétricos, em meio aos blocos, QUEM?
É tão mais fácil ser feliz trajando fantasia, é como confundir-se com a própria ilusão e simplesmente tornar-se aquele personagem de filme que tanto fantasiou que seria. Lembra-se que há vários momentos em que sente-se livre, em meio a natureza, no mar, fazendo amor, mas apenas sente-se, pois só se é livre de fato atrás de uma mascara, dançando, cantando e compartilhando com boa parte do mundo a liberdade de poder ser quem quiser, até você mesmo.
Estudiosos tentam descobrir o que há nessa festa, que chama tanta atenção, que provoca tanto reboliço, que causa tanto alvoroço, tentam, não conseguem. Sabem que no Reveillon se comemora um novo ano, no Natal os cristãos comemoram o nascimento de cristo, no aniversário mais um ano de existência, nas bodas o tempo e o sucesso de um casamento, mas e no carnaval, o que se comemora?
Não adianta tentar decifrar o carnaval, nem introduzir a este moralismo de qualquer natureza ou vesti-lo de longo. É despudorado e pronto, quem disse que pudor é inocência, se as crianças de tão inocentes andam nuas pela casa, o carnaval ainda deve estar na infância. E a beleza dele está no mistério, no encanto, no ato de milhões de pessoas saírem da sua casa para comemorar nada além do fato de sair de casa para comemorar. Tiara Sousa
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