segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Uniceuma e a mercantilização do ensino

JM Cunha Santos

Imaginemos a seguinte cena: uma sala de cirurgia decorada e atapetada ao melhor bom gosto, um caríssimo hospital particular de primeira linha, um médico coadjuvado por enfermeiras e residentes, aparelhos anunciando a inevitável presença de tecnologias de última geração na área da medicina. E o médico pergunta ao paciente:

- Pronto para a cirurgia, senhor?

- Depende. O Dr. não foi formado pelo Uniceuma, foi?

- Não. Não fui. Pare com isso.

- Mostre seu diploma. Tem que me provar que não é graduado nem pós-graduado pelo Uniceuma.

A pressa de alguns setores da imprensa na defesa do Uniceuma é suspeita. Mas antes de inocentar o Uniceuma é preciso refletir que o ambiente de mercantilização do ensino superior, evidente nesta Universidade, é propício a esse tipo de fraude e outros que ainda poderão ser detectados.

Todos sabem que Centros como o Uniceuma subordinam a educação ao poder econômico de seus clientes, em tal ritmo de degradação que as melhores notas do vestibular são os comprovantes de renda, d’onde se infere que no Brasil as próprias instituições universitárias privadas fraudam seus concursos.

O Uniceuma é a escola dos filhos de prefeitos, dos herdeiros da Justiça e dos herdeiros da política do Maranhão, o centro superior de ensino de play boys tupiniquins com acesso a dinheiro público.

Ao comentar sobre as fontes de financiamento da educação no Brasil, estudiosos refletem que as vagas no ensino superior tornaram-se politicamente necessárias à manutenção do poderio econômico das elites dominantes. Por esse caminho, a educação traslada-se à condição de mercadoria, o que leva a conclusões tão sérias quanto a do professor Milani: “É comerciante quem busca satisfazer o gosto de seus clientes; é professor quem busca contradizer e mudar o gosto de seus clientes”.

Concluíram rápido demais que a fraude no Uniceuma foi uma ação criminosa praticada por pessoas alheias ao ambiente acadêmico. Nem pensar. Ela foi praticada, paga e muito bem paga para atender aos interesses de clientes preferenciais do Uniceuma e, pelo menos por enquanto, nada garante que tenha ocorrido pela primeira vez.

A cena imaginada no início desse artigo remete à possibilidade de que existam açougueiros diplomados escarafunchando órgãos vitais dos pacientes, rábulas sem formação atuando nos tribunais, mecânicos de última hora operando altas tecnologias e sabe Deus que outros tipos de profissionais no mercado de trabalho, já que o Uniceuma, com 21 anos de atividade, abriga mais de 15 mil alunos.

Depreende-se, então, que este é o mais grave fato desabonador da educação e da formação profissional superior maranhense. Portanto, não há que se restringi-lo a um mero caso de polícia. Ninguém sabe ainda há quanto tempo essa quadrilha age no banco de dados dessa Universidade, se age somente nela ou se há reitores, pró-reitores, diretores, professores com ela envolvidos. O que se sabe é que, a despeito da lei da oferta e da procura, toda e qualquer mercadoria – mesmo que seja ela a educação – será embrulhada e vendida a quem pagar melhor.

Um comentário:

  1. BANDO DE IDIOTAS!
    VCS FALAM DO UNICEUMA E O ESCANDALO DA UFMA???? VCS COLOCARAM NO CU?????
    DA LINCENSA!

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