sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pobreza extrema

Editorial

Editorial JP – edição do dia 3 de fevereiro de 2012

A informação é oficial: o Brasil possui 16,2 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, sendo que 18,1 % desse contingente de miseráveis estão na região Nordeste e 16,8 % na região Norte, apesar de serem estes os territórios mais beneficiados com os programas de transferência de renda do Governo Federal.

A mensagem da governadora Roseana Sarney na sessão de abertura do ano legislativo, levada ao conhecimento do Estado pelo secretário-chefe da Casa Civil, Luís Fernando Silva, prioriza o combate à pobreza extrema como política pública de governo nos anos que lhe restam de mandato. Luis Fernando, colocado durante muito tempo entre os melhores prefeitos do Brasil, por sua gestão em São José de Ribamar, o que lhe valeu prêmios internacionais, parecia convencido de que o combate à pobreza no Maranhão é possível. O secretário, que conforme a revista Veja, na reportagem “As 20 metrópoles do futuro”, alcançou índices de crescimento econômico da ordem de 8% para a cidade balneária - o dobro da média nacional - deve ter conhecimento de que essa pode não uma tarefa fácil, pois a pobreza extrema no Maranhão, conforme dados do IPEA, chega quase ao triplo da média nacional. Nada menos que 13% da população maranhense estão em contato direto e diário com a miséria, chegando a níveis que às vezes ultrapassam as mais famintas republiquetas africanas.

Regionalmente, os números da pobreza extrema são fulminantemente destoantes. Os absolutamente pobres da região centro-oeste são apenas 4%; da região sudeste 3,4% e da região sul somente 2,6%. As regiões norte e nordeste, juntas, suportam 34,9% da população de miseráveis do país. O governo do Maranhão, portanto, está certo se de fato pretende priorizar o combate a pobreza extrema no Estado. Se vontade política houver o que parece difícil pode se tornar fácil, já que o Plano de Combate à Pobreza do Governo Federal envolve 10 ministérios da República, entre eles os da Saúde, Trabalho e Educação. Recursos não vão faltar, o que pode faltar é competência e honestidade na aplicação desses recursos. E vale citar, mais uma vez, os graves desvios ocorridos com os recursos federais destinados aos flagelados das enchentes de 2009 no Maranhão.

Segundo Luis Fernando Silva, a erradicação da pobreza inclui um trabalho articulado com todos os setores da administração. Mas há maneiras mais contundentes de se dizer isso: combater a pobreza não se resume em encher barrigas temporariamente ou eleger políticas assistencialistas (quase sempre eleitoreiras) de distribuição de alimentos. Combater a pobreza é combater também o analfabetismo, o desemprego, é definir políticas eficientes de saúde preventiva e curativa, são cuidados especiais com os jovens, crianças e adolescentes. Vamos esperar que esta seja a mesma visão do governo do Estado.

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