quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Alumar e a crise do capitalismo

Editorial do Jornal Pequeno, Edição de 10 de abril

O mundo inteiro tenta fugir de mais uma crise cíclica do capitalismo e se comunistas de verdade ainda existissem no país eles estariam comemorando o definhamento financeiro da Europa, o arrastar de bancos falidos, o caos econômico instalado no velho continente e certamente ocasionado pela competição desvairada por dinheiro, crescimento e conquistas pessoais, prerrogativas insubstuíveis do sistema de capitais.

E essa crise está no Maranhão, tem que estar, se uma das mais poderosas multinacionais do mundo, que já fechou fábricas na Europa e nos Estados Unidos, a Alumar, ameaça fechar sua unidade produtora no Maranhão. Não que a Alumar nos abasteça de desenvolvimento econômico e progresso. O retrato do Maranhão é triste, com sua capital sem aeroporto e sua principal rodovia matando a três por dois. Mas são a Vale e a Alumar os maiores símbolos do capitalismo selvagem instalados nessa banda tosca do amado e abandonado Nordeste brasileiro.

A ciranda financeira que pulveriza as classes mais empobrecidas, no abraço da filosofia quase teológica de que “cada um vale o que tem”, levou à bancarrota alguns grupos financeiros e/ou econômicos por todo o planeta terra. O problema é que a bancarrota deles não faz sofrer 1% do que faz a miséria causada por esse fenômeno de globalização que faz os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Parece que ninguém mais pensa na construção de uma nova sociedade, na qual os princípios da igualdade, solidariedade e fraternidade, encravados na bandeira francesa, governem os modelos político-econômicos do planeta. Isso é comunismo?

Agora ouvimos falar que a Alumar (que é a Alcoa-Billigton) está terceirizando sua atividade fim ao arrepio da lei; agora lembramos que no entorno dessa empresa deveriam ter se originado outras, de menor porte e com consequências econômicas positivas diretas para os maranhenses. Não houve nada disso e percebemos que a atividade social da empresa foi a primeira coisa que estagnou.

Ontem, o presidente em exercício da Assembleia Legislativa, Neto Evangelista recebia representantes da Força Sindical, entre eles o presidente Oliveira Frazão. Em documento que chegou às nossas mãos o presidente da Força afirma que o fechamento da fábrica da Alumar em São Luís irá provocar um tsunami na economia local, pois serão atingidos não só os empregos dos trabalhadores da Alumar, como também fecharão dezenas de pequenas e médias empresas com operações ligadas direta e indiretamente à empresa no Estado, fato que eliminará outras centenas de postos de trabalho em São Luís.

O intento de proteger os trabalhadores, a batalha que se pretende travar pela permanência da Alumar em São Luís, já absorvida pelo presidente Neto Evangelista, em conversa com os profissionais de imprensa e que começa com a realização da Audiência Pública reivindicada pela Força Sindical, é o caminho certo a ser percorrido por todos os poderes e organizações da sociedade civil. Mas ainda é preciso rediscutir a real contribuição dessas empresas, projetos e grandes empreendimentos para a economia do Maranhão. De qualquer modo, entretanto, estamos bem. Já somos parte do centro da crise financeira do capitalismo mundial.

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