Força bruta contra São Luís

JM Cunha Santos

Os que destruíram a feição ornamental da cidade de São Luís; os que dela fizeram um burgo sem drenagem pluviométrica nem esgotamento sanitário, unem-se, hoje, eleitoralmente, para enfrentar o prefeito João Castelo nas eleições de 2012.

Uma família que aqui governa a quase 50 anos e desabasteceu a paisagem urbanística da capital, condenando seu acervo arquitetônico à degradação física e seu patrimônio histórico à diluição, investe em candidaturas na seara do governo e da oposição para confrontar uma nova campanha do prefeito de São Luís.

É a mesma gente que, através de ações judiciais, trabalha contra o desenvolvimento e o progresso de uma cidade que durante décadas não foi planejada, talvez apenas arrumada, pincelada em meias mãos de cal para brilhar ilusoriamente ao foco dos holofotes.

A cidade que o prefeito recebeu era um buraco só, em toda sua dimensão, um canteiro de lixo no qual se amontoavam, além das sobras humanas e denúncias de corrupção, canais entupidos, lama, fedentina, avenidas destroçadas, como era a Santos Dumont, escolas quebradas, poços nas ruas, verdadeiras lagunas fétidas e intransponíveis, saúde sacrificada. Uma situação terrível, pelo que é possível lembrar, em cada quilômetro, cada metro da cidade, quase como se fosse preciso reconstruir toda São Luís.

Tudo estava por fazer. Era preciso retificar os canais da cidade, reasfaltar a cidade, recuperar a Bacia do Bacanga, criar condições de tráfego no COHATRAC, na Cohab, no São Cristovão, prolongar a Avenida Litorânea, edificar um Hospital Central de Urgência e Emergência, abrir novas rotas para escoamento do trânsito, intervir no Coroado, no Caratatitua, no Turu, na Cidade Operária, no São Raimundo, na Cidade Olímpica, na área do Portinho, no Centro Histórico, fixar obras estruturantes e de drenagem para que a cidade não fosse levada pelas chuvas, como quase aconteceu em 2010.

O que foi possível fazer foi feito e está sendo feito. Mas quando se esperava que viesse em auxílio da Prefeitura, pelo menos em consideração aos 400 anos de São Luís, o governo do Estado resolveu atrapalhar. Para trabalhar, o prefeito João Castelo precisou vencer a força bruta do governo na Justiça e nem sempre conseguiu. Criaram, na Assembleia, uma CPI que por longo tempo empacou a aplicação de recursos deixados para a capital pelo governador Jackson Lago. Roseana Sarney, com os cofres atufalhados por quase 1 bilhão de reais em empréstimos misteriosos, quis tomar para o Estado R$ 73 milhões de São Luís. A CPI, ilegal e imoral, foi vencida pela lei.

Uma ação judicial impediu que a Prefeitura prolongasse a Avenida Litorânea, providência urgente para o desafogamento do trânsito na Avenida dos Holandeses. O mais grave, entretanto, foi o atentado contra a saúde pública, cometido pelo governo do Estado. Durante dois anos e meio, demandas judiciais arquitetadas no Palácio dos Leões impediram a construção do Hospital Central de São Luís, de forma tal que talvez não haja mais tempo hábil nessa gestão para realização da obra.

E tudo isso, toda essa força bruta, porque a oligarquia, “o melhor governo da vida deles”, quer eleger seu candidato, quer tomar para si a Prefeitura de São Luís, ao custo eleitoral de R$ 30 milhões, segundo os últimos, mas ainda não definitivos cálculos do PT. E talvez apenas para fazer dela um buraco, uma lixeira ainda maior e mais cheia de dívidas do que seus prepostos deixaram para o prefeito João Castelo governar.