Do Blog de Manoel dos Santos Neto
Representantes do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa do Maranhão, Sindicato de Jornalistas Profissionais do Maranhão e Sindicato dos Radialistas visitaram, na manhã desta quarta-feira (2), a procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos, para cobrar agilidade do Ministério Público Estadual nas investigações do crime que vitimou o jornalista Décio Sá. Os promotores de Justiça Marco Aurélio Cordeiro Rodrigues, Ana Carolina Cordeiro de Mendonça e Luiz Muniz Rocha Filho, que integram o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), foram designados para atuarem no caso.
Os jornalistas Cunha Santos, Caio Hostilio, Álvaro Lins, Márcio Diniz e Douglas Cunha, integrantes do Comitê no encontro, entregaram um manifesto à procuradora. De acordo com Caio Hostilio, as respostas dadas por Fátima Travassos foram satisfatórias.
“A procuradora foi enfática ao afirmar que o Ministério Público está à frente das investigações. Além do auxílio da Secretaria de Segurança, há uma investigação paralela que caminha bem segundo ela. Os detalhes não nos foram repassados por causa do sigilo declarado pelo MP”, disse Hostilio.
Fátima Travassos ressaltou as providências tomadas pelo Ministério Público para ajudar na elucidação do crime. “Em menos de 24 horas após a morte do jornalista publicamos uma portaria designando o serviço de inteligência do Ministério Público, formado por um grupo de promotores da área criminal, para acompanhar e apoiar o trabalho de investigação da polícia”, disse.
A procuradora afirmou que a polícia local, o Ministério Público e a Polícia Federal estão em sintonia no trabalho de investigação. No entanto, pediu paciência à sociedade e, principalmente, à imprensa. “Ela também citou o caso da juíza Patrícia Acioli, morta no Rio de Janeiro, e que foi elucidado em 90 dias com o auxílio do Ministério Público, ressaltando que é necessário tempo para se chegar aos mandantes e executores”, frisou Caio Hostilio.
Abaixo a íntegra do manifesto entregue à Procuradora Fátima Travassos:
COMITÊ DE IMPRENSA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO MARANHÃO
Convocação ao Ministério Público
1. Os constantes assassinatos de maranhenses, todos com claros sinais de uma ofensiva da pistolagem, são uma tentativa de desafiar as instituições do Estado Democrático de Direito no Maranhão.
2. De jornalistas, blogueiros, passando por lideranças de trabalhadores rurais, quilombolas e indígenas, o crime organizado arma uma rede de terror que assusta a cidadania maranhense. A sensação é de que qualquer maranhense, anônimo ou "ilustre" se tornou alvo dessa rede que não esconde sua aposta na impunidade, grande responsável pelo sucesso de suas operações criminosas.
Mais dois crimes vieram se acrescentar a essa estatística de horror: o assassinato de um policial civil que, coincidentemente ou não, investigava a morte de Décio Sá, nas imediações do “Cabão” e o assassinato por pistoleiros de uma líder indígena Guajajara que clamava por segurança.
3. Instituições como a Procuradoria de Justiça do Maranhão são uma espécie de "porto seguro' na luta contra o crime organizado, a pistolagem, e na defesa das liberdades fundamentais dos cidadãos. Daí recorremos, num sentimento de quase desespero, para que a Procuradoria de Justiça assuma essa bandeira que é de toda a sociedade maranhense.
4. Acreditamos que as dificuldades em torno das investigações do assassinato do jornalista Décio Sá são muitas, tem origem em sua proximidade com o poder e tendem a se aprofundar com o passar do tempo. O trabalho profissional do jornalista alcançou gente muito perigosa, rica e poderosa.
5. Não se descarta a possibilidade de que o mandante, ou mandantes, desse crime sejam pessoas com ligações funcionais ou políticas destacadas nas próprias instituições públicas que compõem a estrutura administrativa do Estado. E esse é um aval irresistível para a impunidade.
Queremos Justiça! E a Justiça é a razão maior para que o Ministério Público nos ajude a encontrar os assassinos de mais um colega de profissão.
6. Assim, apelamos para que o Ministério Público nos auxilie nas tarefas de formalizar denúncia ao Ministério da Justiça contra a pistolagem que ofende o Maranhão e de pedir o auxílio de forças federais nas investigações do assassinato do jornalista Décio Sá.
São Luís, 2 de maio de 2012
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